Plano safra 2016/17 aumenta recursos controlados, preços mínimos e limites

Cercado de muita polêmica, o Plano Agrícola e Pecuário/PAP para a safra 2016/17 divulgado parcialmente pelo governo anterior em 4 de maio e revisado pelo novo governo nas últimas semanas foi recebido com reservas pelas lideranças do setor, em função da combinação de avanços e de retrocessos nas medidas anunciadas.

No lado positivo, em tempos de cortes severos de despesas pelo governo federal, podemos destacar o aumento nos recursos com juros controlados, o avanço nos limites de financiamento, a elevação generalizada dos preços mínimos de garantia, o incremento no volume de recursos para médios produtores, e o ganho no montante de recursos para o Prodecoop e Procap-Agro.

Mas no lado negativo ressaltamos a leve retração no volume total de recursos do Plano, o aumento geral em 0,75% a 1% nas taxas de juros, o que na prática representa um incremento de 9 a 29% em relação ao ano passado, a redução em 11% nos recursos disponibilizados para investimentos, a diminuição em 16% nos recursos oferecidos com juros livres, retração e volume insuficiente de recursos para a subvenção ao prêmio do seguro rural, corte dos recursos e aumento das taxas de juros para programas de investimento como o PCA e o Moderfrota, e a redução no prazo de financiamento do Pronamp.

No total, a Agricultura Empresarial terá à disposição R$ 185 bilhões, 1,4% abaixo dos R$ 187.7 bilhões da safra passada. Para custeio e comercialização serão R$ 150.955 bilhões, 1% acima dos R$ 149.5 bilhões anteriores. Se somarmos os R$ 30 bilhões previstos para a Agricultura Familiar, contra R$ 28.9 bilhões anteriores, chegamos a um total disponibilizado para o crédito agropecuário de R$ 215 bilhões, 0,7% inferior aos R$ 216.6 bilhões do ano anterior.

No caso do crédito para investimentos, tivemos redução de R$ 38.2 bilhões para R$ 34.045 bilhões. Com destaque positivo para o aumento em 52% nos recursos do Prodecoop, de 60% no Modeagro e de 90% no Modeinfra. Mas destaque negativo com os cortes de 20% nos investimentos do Pronamp, de 30% no PCA e de 50% no Moderfrota.

Também merece destaque positivo os aumentos nos limites de financiamento, que no custeio subiram de R$ 1.2 para R$ 1.32 milhão, na comercialização de R$ 2.4 para R$ 4.5 milhões, e nos investimentos de R$ 385.000,00 para R$ 430.000,00.

Apesar de atrasada, a divulgação de aumento generalizado nos preços mínimos foi também positivamente recebida pelos produtores. Na soja aumento de 9%, no milho de 9 a 22%, no algodão de 9%, no arroz de 18%, no feijão em 9% e no trigo em 11% (já havia sido anunciado no plano da safra de inverno).

De todo o modo, podemos dizer que o saldo da divulgação pendeu desta vez levemente para o lado positivo, ancorado principalmente na combinação de bom aumento nos preços mínimos e dos limites de financiamento. Contrabalançado pelo aumento dos juros e pela diminuição na oferta total de recursos.

Em resumo, se no ano passado o sentimento dominante foi de retrocesso para o desempenho do agronegócio e da economia brasileira, desta vez a sensação é que o plano pendeu levemente para o lado positivo.

Não há dúvida de que alguns pontos foram positivos, o que ainda poderia contribuir para um novo aumento da área plantada no país e o avanço no nível tecnológico. Mas outra vez com sérias restrições e limitações, que atuam justamente no sentido contrário, ou seja, no de trazer desestímulo à atividade.

O aumento geral dos juros e a limitação de recursos ofertados são notícias muito ruins para o Agro, especialmente em tempos de incremento nos custos de produção e de mercado internacional com dificuldades para se valorizar.

 

Flávio Roberto de França Junior
Analista de Mercado, Consultor em Agribusiness e Diretor da França Junior Consultoria

 

 

 

Fonte: Notícias Agrícolas

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