Com a intenção de cobrir o déficit do setor de armazenagem em quatro anos, o governo federal disponibilizou financiamentos de R$ 5 bilhões em 2013, segundo a Kepler Weber – detentora de 50% dos sistemas de armazenagem do Brasil – cerca de R$ 4 bilhões deste Plano Nacional de Armazenagem já foi investido. Entretanto, ainda há uma grande defasagem no segmento, que pode ser suprida com a aquisição de equipamentos permanentes ou silos emergenciais, além de entraves relacionados ao licenciamento ambiental para a implantação dos projetos. As declarações foram dadas durante a 21ª edição da Agrishow.
O superintendente da Kepler Weber e diretor adjunto da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (CSMIA – Abimaq), João Tadeu Franco Vino, afirma que há uma enorme importância no armazenamento para a regulação do mercado e destaca a soja, milho, arroz e trigo com as culturas que mais necessitam do processo.
“A primeira projeção da Conab [Companhia Nacional de Abastecimento] estimava 200 milhões de toneladas para a safra de grãos em 2014. Já estamos quase atingindo 190 milhões de toneladas. Por outro lado, temos apenas 146 milhões de capacidade para armazenagem permanente instalada a nível Brasil, ou seja, há um déficit bem grande”, diz Vino.
O superintendente explica que o cenário ideal deveria contemplar 1,2 vez mais em capacidade de armazenamento, quando comparado ao nível de produção do país. “Se o País produz 200 milhões de toneladas, deveria ter 240 milhões de toneladas em capacidade de armazenagem. Este é um conceito da FAO [Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação] aplicável ao mundo todo”, comenta.
Com relação a medidas emergenciais, uma alternativa é o silo bolsa ou silo “bag”. “São estruturas que ficam direto no campo. É necessária uma máquina embutidora que auxilie a encher e esvaziar a bolsa. Custa em média R$ 1500 a bolsa, que precisa ser trocada de tempos em tempos e R$ 100 mil a parte fixa de maquinário”, diz o engenheiro agrônomo da Electro Plastic. Para uma estrutura fixa pela Kepler Weber é necessário um investimento de “entre R$ 300 e R$ 400 por tonelada, R$ 25 por saca, dependendo da complexidade. O pequeno produtor até 500, 800 hectares consegue fazer por um preço um pouco menor”, diz Vino.
Incentivo
O programa de incentivo à armazenagem no Brasil foi sancionado pela presidente Dilma Rousseff no mês de outubro do ano passado e tem vigência de cinco anos. Foram disponibilizados R$ 25 bilhões aos produtores, cooperativas e interessados no setor, sendo R$ 5 milhões por ano.
“Foi um pleito do segmento junto ao governo que conseguimos depois de bastante trabalho lá em Brasília. O governo lançou o plano, deve ser renovado esse ano, mesmo que a safra 2014 não tenha sido a melhor devido a excesso de chuvas em alguns lugares e estiagem em outros, é um momento de aproveitar as condições do projeto, que são favoráveis ao produtor”, comenta Vino. No PCA os juros são de 3,5% ao ano, três anos de carência e 15 anos para pagar, visto que até 100% do projeto pode ser financiado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Detentoras de cerca de 50% dos armazéns nacionais, as cooperativas têm encontrado dificuldades para licenciamento ambiental na instalação de equipamentos permanentes.
“Hoje, qualquer tipo de construção exige licença e principalmente as menores podem levar até seis meses para conseguir. Existem linhas de crédito, mas a questão ambiental é um gargalo para o investimento”, avalia a consultora de mercado do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de São Paulo (Sescoop-SP), Flávia Sarto.
Fonte: Agrolink