Pesquisadores da Embrapa alertam para a possível entrada no Brasil do bicudo-vermelho, considerado uma das piores pragas que afetam as palmáceas e que, no País, pode atingir drasticamente plantações de coqueiro e dendê, inclusive as palmeiras ornamentais. Os estados do Pará e Roraima são apontados como possíveis portas de entrada do inseto.
A praga pode afetar 28 gêneros de palmáceas, que vão desde as ornamentais como a Phoenix canariensis, até as palmeiras comerciais de importância agrícola como coqueiro e dendê, que também compõe a paisagem do País, o que pode afetar até o mercado de turismo.
A preocupação com a praga é tão grande que cientistas brasileiros se uniram a colombianos para buscar alternativas de extermínio dos besouros. A recomendação é de atenção e monitoramento constante.
Também conhecido como bicudo-vermelho-das-palmeiras, esse besouro pode voar grandes distâncias e foi detectado na Indonésia em 1972. Em menos de 40 anos, a praga se espalhou no norte da África e na Europa mediterrânea. Em 2009, foi detectada na Califórnia, oeste dos Estados Unidos, e a partir de 2011, nas ilhas caribenhas de Aruba e Curaçao com potencial de chegar à América do Sul.
Por esse motivo, pesquisadores brasileiros e colombianos lançam o alerta aos produtores, pois ao detectar a presença do bicudo ou escaravelho vermelho, denominado cientificamente Rhynchophorus ferrugineus, é recomendável entrar em contato o mais rápido possível com as superintendências do Mapa em cada estado.
“Hoje, com a revisão da lista de pragas quarentenárias, esse inseto está sendo categorizado oficialmente como praga quarentenária ausente o que permite a adoção de medidas fitossanitárias nos pontos de fronteira para produtos hospedeiros da praga”, informa Paulo Parizzi, coordenador-geral de Proteção de Plantas do Departamento de Sanidade Vegetal, vinculado à Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa.
Prevenção e combate
Como estratégia preventiva, pesquisadores da Embrapa Tabuleiros Costeiros e Agrosavia Colômbia publicaram um folder de alerta fitossanitário sobre o risco do bicudo-vermelho para o Brasil e a Colômbia, com objetivo de instruir os produtores caso detectem a praga em lavouras de coqueiro e dendê.
“A praga já chegou às Antilhas, Aruba e Curaçao, cerca de 50 quilômetros da costa venezuelana. Devido à grande capacidade de dispersão, ela pode invadir países com grandes extensões de palmáceas comerciais como Brasil, Colômbia e Venezuela”, afirma o pesquisador colombiano Juan Pablo Molina Acevedo, da Agrosavia, especialista na praga.
De acordo com os pesquisadores, uma alternativa eficiente para o controle de bicudos é o uso de nematoides entomopatogênicos (NEPs) que parasitam os insetos. No estudo de alternativas de controle do besouro Rhynchophorus palmarum, conhecido como bicudo-negro, já conhecido pelos produtores de coco no Brasil e na Colômbia, diversos testes preliminares realizados em laboratório demonstram a potencialidade desses agentes de controle biológico.
Os NEPs conseguem causar a mortalidade de até 80% das larvas, pupas e adultos dos insetos devido à capacidade em se deslocar, localizar a larva da praga e parasitá-la eficientemente no interior das palmeiras.
Equipe SNA/Rio