Pesquisador da Embrapa fala sobre diagnóstico da tuberculose bovina na FAO

Pesquisador da Embrapa Fábio Araújo palestra na FAO. Foto: Divulgação FAO
Pesquisador da Embrapa Gado de Corte Flábio Araújo, durante palestra na FAO sobre tuberculose bovina. Foto: Divulgação FAO

O pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Flábio Ribeiro de Araújo, participou em fevereiro, como palestrante, em Roma, do simpósio internacional promovido pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) sobre o papel das biotecnologias agrícolas em sistemas alimentares sustentáveis e nutrição (The Role of Agricultural Biotechnologies in Sustainable Food Systems and Nutrition, em inglês).

No evento, com enfoque em biotecnologias voltadas a pequenos produtores, o pesquisador falou sobre ferramentas de diagnóstico da tuberculose bovina que possam ajudar no combate à transmissão da doença para seres humanos. Ele destacou o que tem sido desenvolvido na Embrapa e, também, pelos parceiros do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária da Argentina (Inta) sobre detecção da bactéria causadora da doença.

Na palestra, abordou a parceria visando desenvolvimento de alternativas para contribuir com o diagnóstico oficial recomendado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), através do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT).

Em estudos liderados pela Embrapa Gado de Corte, animais submetidos ao teste cervical comparativo (atualmente teste de referência) tiveram resultados negativos, mas depois do abate foram constatadas lesões com cultivo positivo da bactéria comprovando a infecção. “Estamos analisando os dados obtidos através do projeto de análise multidiagnóstica da tuberculose bovina, financiado pela Fundect, o CNPq e a Embrapa, e já identificamos essa situação nas três primeiras propriedades rurais estudadas”, diz o pesquisador.

Ele acrescenta que o maior problema é que animais infectados permanecem no rebanho transmitindo a doença para animais sadios, além de favorecer a transmissão zoonótica para o ser humano. Outro aspecto que merece cuidados é o ocupacional. Quem trabalha em frigoríficos, com carcaças de animais positivos, pode se infectar caso tenha alguma lesão na pele.

Diante do problema, a partir de outro projeto coordenado pelo pesquisador, foi desenvolvido um teste para a detecção de anticorpos contra a bactéria causadora da tuberculose bovina, cuja patente foi depositada. O teste, denominado ensaio de imunoadsorção enzimática (ELISA), é feito com um antígeno recombinante, ou seja, produzido por engenharia genética, o qual reage com anticorpos presentes no soro de bovinos com tuberculose. A parceria para a produção e comercialização do teste está em andamento junto a um laboratório dos Estados.

 

NOVIDADE

Uma novidade é que neste mês de março, o Mapa autorizou o uso experimental do ELISA, desenvolvido pela Embrapa, em uma propriedade no Paraná. Para o chefe-geral da Embrapa Gado de Corte, Cleber Soares, “o teste é um avanço no controle dessa importante zoonose, pois além de aumentar a cobertura diagnóstica, pode ser realizado de forma massal em grandes quantidades de animais e com rapidez”.

Usado em conjunto com as provas intradérmicas, o ELISA possibilita que animais em diferentes estágios da infecção possam ser diagnosticados com maior eficiência, acelerando o saneamento de propriedades com tuberculose.

 

SIMPÓSIO

De acordo com informações da assessoria de imprensa da FAO, cerca de 500 cientistas, representantes do governo, sociedade civil, universidades, associações e cooperativas de agricultores participaram do simpósio. A conferência explorou biotecnologias agrícolas que podem beneficiar agricultores familiares, em particular de países em desenvolvimento, que precisam melhorar os sistemas de nutrição e alimentação, enquanto enfrentam desafios de pobreza, mudanças climáticas e crescimento da população. Estas incluem, por exemplo, processos de fermentação bio-fertilizantes, inseminação artificial, produção de vacinas, meios de diagnóstico de doenças, desenvolvimento de bio-pesticidas e uso de marcadores moleculares no desenvolvimento de novas variedades e espécies.

 

Fonte: Embrapa Gado de Corte

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