Dificilmente se garante que agentes do agronegócio, ou parte deles, digam totalmente a verdade quando pesquisados sobre como lidam com as questões ambientais em seus negócios, e sobretudo se aplicam medidas de controle. Há sempre uma tendência para o “sim”, diante da pressão que o tema exerce atualmente, e mais ainda quando o desmatamento é o foco.
A Coalização Brasil, Clima, Florestas e Agricultura notou, contudo, que pelo nível das respostas mais ‘fechadas’ e pelas dificuldades e dúvidas, expressas em pesquisa recente, as pistas deixadas animaram o resultado final: 90% dos entrevistados disseram utilizar dados sobre desmatamento para a tomadas de decisões.
Por exemplo, o mapeamento indica que os dados sobre desmatamento são consultados principalmente para implantação de novos negócios ou operações (64%), monitoramento de fornecedores (36%), monitoramento das áreas produtivas de propriedade da empresa (25%), avaliação de risco de crédito (23%) e monitoramento da carteira de crédito (20%).
Legalidade
A questão da ausência de informações para verificar a legalidade do desmatamento foi bem explorada pelos participantes das pesquisas. E veio de encontro com o que já observou a Coalizão.
“Recentemente, a importância da transparência e da disponibilidade das Autorizações de Supressão Vegetal (ou Autorizações de Desmatamento) para possibilitar atestar a legalidade do desmatamento foi destacada pela Coalizão como uma das ‘Ações para queda rápida do desmatamento”, explica Paula Bernasconi, coordenadora de Incentivos Econômicos para Conservação no Instituto Centro de Vida (ICV) e líder da Força-Tarefa Dados de Desmatamento da Coalizão Brasil.
A equipe do organismo que congrega entidades empresariais do agro, como Abiec (de exportadores de carne), empresas individuais, ONGs e centros acadêmicos e de pesquisa, também percebeu que os pesquisados têm dificuldades no cruzamento de dados de desmatamento em relação a setores específicos.
Atividades
Na lista mapeada pela Coalização Brasil, estão atividades produtivas específicas, como soja e pastagens; dados de infraestrutura, como silos, esmagadoras e abatedouros; informações sobre financiamento bancário; áreas consolidadas e recuperadas; impacto na biodiversidade e água.
A campeã de “dificuldade” mais citada, foi a de obter informações sobre o ocupante (CPF/CNPJ) das áreas com desmatamento, já que o Cadastro Ambiental Rural (CAR) disponibiliza essa informação apenas nos estados de Mato Grosso e Pará e, ainda assim, apenas através de consulta individual. Houve também uma sugestão de criação de plataforma para a emissão de certidão negativa de desmatamento.
Próximo passo
Após o levantamento – realizado com líderes de 60 diferentes organizações, corporações e consultorias atuantes junto a clientes, entre outros – a meta agora é trabalhar os mecanismos de aperfeiçoamento das propostas e partir para a ação.
Segundo os líderes do projeto, “o próximo passo é consolidar a transição da fase de informação e conscientização para a fase da ação, já que, só quando os dados de desmatamento forem realmente usados como critério prioritário na tomada de decisão dos negócios, teremos consequências práticas para toda a cadeia de valor e para o ambiente”.
Fonte: Agro Times
Equipe SNA