Os carrapatos são parasitas hematófagos que se fixam na pele de seus hospedeiros para obter sangue, além de transmitirem patógenos que causam estresse, perda de peso e danos ao couro. O carrapato-de-boi – Rhipicephalus (Boophilus) microplus –, espécie que mais parasita o gado brasileiro, tem provocado grandes perdas aos hospedeiros, geralmente animais com alto grau de sangue europeu. Estimativas recentes calculam que os prejuízos causados carrapatos em bovinos podem chegar a U$ 3,4 bilhões ao ano, somente no Brasil.
Nos pastos há também outras espécies de carrapato, como os do gênero Amblyomma, que têm grande importância na transmissão de uma doença letal a seres humanos – a febre maculosa. Por causa do alto nível epidemiológico, há a necessidade de utilizar a adubação de cobertura com ureia e o controle do parasito.
Pesquisadora do Instituto de Zootecnia (IZ), Cecília José Veríssimo afirma que o controle do carrapato está cada vez mais complicado, em função de sua resistência aos produtos comerciais existentes hoje no mercado. Segundo ela, o tratamento químico ainda é o método mais usado, no entanto a homeopatia vem sendo alternativa a mais no campo.
“Atualmente, os acaricidas são a única opção para matar carrapatos, mas podem contaminar produtos de origem animal, como leite e carne, além de poluir o meio ambiente”, alerta a pesquisadora Isabel Kinney Ferreira de Miranda Santos, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP/USP).
NOVIDADE
“Uma novidade no controle do carrapato é a vacina, que não causa impacto sobre o ambiente nem deixa resíduos na carne ou no leite”, informa Cecília.
Segundo ela, vacinas para coibir o problema, desenvolvidas em Cuba e na Austrália, já foram comercializadas no Brasil, mas não tiveram muita aceitação por parte dos produtores brasileiros, em razão da pouca eficácia e do alto custo.
No Instituto de Zootecnia, uma vacina contra o carrapato, fabricada por uma equipe de pesquisadores liderados pela professora Isabel, da FMRP, foi testada em bovinos e teve eficácia em torno de 70%, de acordo com Cecília.
“Novas formulações estão sendo estudadas por pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Há muita esperança que, em um futuro próximo, tenhamos uma vacina eficaz contra este parasito”, prevê.
“Para o controle sustentável das infestações de carrapatos, com uma vacina que seja eficiente, o produto deverá limitar a ingestão de sangue e diminuir o número de parasitos nos hospedeiros, contribuindo para o bem-estar animal e aumentando sua produtividade”, ressalta Isabel.
“A vacina também deverá reduzir as massas de ovos produzidas pelas fêmeas e suas taxas de eclosão, diminuindo, assim, a eficiência reprodutiva de carrapatos, efeito que restringe a infestação nas pastagens.”
WORKSHOP
No próximo dia 12 de agosto, o Instituto de Zootecnia promoverá o 5º Workshop de Controle do Carrapato, em Nova Odessa (SP), com o objetivo de debater as novidades no controle dos parasitas, inclusive as vacinas. Dentre os convidados está a pesquisadora Alina Rodríguez-Mallon, do Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia de Havana, Cuba, que comanda os testes de aperfeiçoamento da vacina cubana contra o carrapato.
Por equipe SNA/SP