A suspensão de compra de carne in natura brasileira pelos Estados Unidos na semana passada vem provocando acaloradas discussões na cadeia produtiva. A Acrimat, entidade que representa os pecuaristas de Mato Grosso, pediu na terça-feira, 27 de junho, ao ministro Blairo Maggi que sejam analisadas amostras dos lotes de vacina contra a febre aftosa usados na última campanha de vacinação. A entidade quer um levantamento sobre a esterilidade e a eficiência da vacina e uma avaliação da qualidade dos seus componentes.
“Temos um problema. Ele não é generalizado, mas precisamos saber onde está”, afirmou Marco Túlio Duarte Soares, presidente da Acrimat. Por esse motivo, a entidade pediu a avaliação do Ministério da Agricultura.
O intuito, segundo Soares, é verificar se a indústria de vacina está fazendo uso “do produto mais adequado, do mais eficiente ou do mais barato”. Na opinião do presidente, “é preciso verificar a composição química da vacina”. Existem exigências mínimas para a produção. “Qual é o padrão desse mínimo?”, questionou Soares.
“Nós, da indústria, estamos tranquilos sobre a produção, o controle e a qualidade da vacina”, disse Emílio Salani, vice-presidente do Sindan, entidade que congrega as indústrias fabricantes da vacina contra a febre aftosa.
Sobre o pedido da Acrimat ao ministério, o representante do Sindan observou: “Ele é importante porque poderemos responder oficialmente à questão”.
Soares, da Acrimat, destacou que é recomendado aos produtores que tenham todo o cuidado na higienização durante a vacinação. Segundo ele, esses cuidados podem melhorar a qualidade da carne. Mesmo os pecuaristas que adotam as melhores práticas vêm obtendo resultados ruins quando utilizam determinadas vacinas.
A indústria frigorífica também atribui a incidência maior de abscessos na carne à parte das vacinas disponíveis. O resultado é o comprometimento da imagem do Brasil, o que faz o país perder competitividade, segundo Antonio Camardelli, presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes).
Já o vice-presidente do Sindan lembrou que a indústria de vacina tem 100% de rastreabilidade do produto e que o governo tem 100% de controle. “Estamos dispostos, no entanto, a sentar à mesa e discutir esse assunto com todo o setor”, disse.
Fonte: Folha de S. Paulo