Chegando ao atual período de acasalamento, a primeira decisão a ser tomada pelo pecuarista é definir qual estratégia irá utilizar: monta natural ou inseminação artificial. Fato é que o produtor que quiser melhorar a eficiência de seu rebanho deve ter especial atenção a esse momento.
É importante saber que o sistema em que o touro permanece com as vacas o ano todo, mesmo sendo visto como ultrapassado, ainda é o mais utilizado, no entanto, não é o mais indicado pelos especialistas. Isso porque uma estação de monta sem definição dificulta os controles sanitários, produtivos e reprodutivos do rebanho e pode comprometer os resultados produtivos e econômicos.
O primeiro passo para quem deseja aumentar os índices zootécnicos da propriedade começa na definição do período da estação de monta, determinando sua duração. Alguns ajustes devem ser feitos no rebanho para iniciar a estação de monta, como o de preparar os animais, tanto as vacas quanto os touros, para obter melhores resultados.
No Brasil, é também comum definir duas estações de monta durante o ano, mas segundo especialistas, essa estratégia não é indicada para todos e um dos motivos é porque os nascimentos ocorrem durante um longo período dificultando o manejo, além de incidências de doenças e parasitos nos bezerros que nascem na época das águas.
MELHOR CONTROLE DO REBANHO
“Concentrar os acasalamentos em um período do ano permite controlar melhor o rebanho, fazer com que os nascimentos ocorram em épocas mais favoráveis, além de se conseguir gerenciar de forma mais objetiva as atividades da fazenda”, ressalta a pesquisadora da Embrapa Gado de Corte, Alessandra Nicácio.
Para todo o Brasil, a melhor época de começar a estação de monta é no início das chuvas, garante a pesquisadora, que é médica veterinária com pós-doutorado em Reprodução Animal.
“Produtor que adota a monta natural durante todo o ano e que resolver definir um período deve fazer a mudança de forma gradual”, recomenda Alessandra.
De acordo com ela, “estamos em plena estação de monta e, para quem está iniciando a atividade, recomendamos realizar uma estação de seis meses – de outubro a março – e nos anos seguintes reduzir em 15 dias no final, até atingir a duração ideal, de três meses entre outubro e janeiro”.
Conforme a especialista, o motivo para iniciar no período das chuvas é porque nessa época o pasto é abundante e de melhor qualidade, “o que é desejável para as vacas que precisam de boa nutrição no período pós-parto e de estabelecimento de nova gestação”.
Com os nascimentos ocorrendo no período seco, “a vantagem é a baixa incidência de doenças como a pneumonia e o ataque de carrapatos, bernes, vermes e moscas nesse período”, informa Alessandra.
MONTA NATURAL E INSEMINAÇÃO SÃO EFICIENTES
A médica veterinária explica que a escolha da estratégia depende do objetivo do produtor: “Seguindo com cuidado as etapas da estratégia escolhida ambas podem dar bons resultados. Se o objetivo do produtor é produzir bezerros e não necessariamente a melhoria genética do rebanho a monta natural é uma boa opção, aliás, é a mais utilizada pelos pecuaristas”.
Já a inseminação artificial é indicada para o produtor que pretende melhorar o padrão genético dos animais. Segundo Alessandra, a técnica é eficiente e de custo acessível.
“Para a inseminação, uma das dificuldades é detectar o cio das vacas, porém, hoje existem meios de indução e sincronização do cio, técnicas essas que passaram a ser importantes na pecuária de corte, principalmente na criação extensiva”, orienta a pesquisadora.
IATF
Ela também destaca a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) como uma técnica eficiente de tratamento hormonal, com ela, segundo a pesquisadora Alessandra, não há necessidade de observar o cio.
“Os métodos que promovem a sincronização são seguros e o produtor pode programar a inseminação de vários animais em um único dia.”
A pesquisadora alerta, no entanto, que essa metodologia é mais onerosa em comparação à monta natural, mas apresenta várias vantagens, como o melhor aproveitamento de mão de obra, concentração de nascimentos em um mesmo período, lotes mais homogêneos, facilidade no diagnóstico de gestação, controle e descarte de vacas, bezerros de melhor potencial, além de indicar que na IATF, esses animais podem ser mais pesados na desmama.
VALE O INVESTIMENTO
Para Alessandra, vale a pena investir na IATF em função dos benefícios que a tecnologia oferece ao rebanho. Além dessa técnica, outras tecnologias com a finalidade de melhorar a genética do rebanho também estão disponíveis, tais como a Transferência de Embriões (TE) e a Produção In Vitro (PIV) de embriões.
Atualmente, o Brasil é o maior produtor mundial de embriões in vitro. Existe a opção de congelar embriões para usar na estação de monta, mas vai depender do objetivo da propriedade sua utilização.
“Para a fazenda que trabalha com gado comercial pode não valer a pena investir na PIV, mas para quem produz animais melhoradores, esta é uma boa opção. Com a PIV o produtor pode produzir embriões toda semana chegando a 260 embriões por ano”, salienta a pesquisadora.
CUIDADOS COM TOUROS E VACAS
Alessandra diz que, primeiramente, é bom saber que quando se determina a duração de monta, o rebanho fica mais homogêneo por conta da idade semelhante, facilitando a engorda e venda dos animais.
“A estação de monta deve iniciar no período das chuvas, como já dissemos, porque é quando as vacas estão bem nutridas e o touro tem que ser de boa qualidade, principalmente na monta natural. É bom lembrar que é importante submeter os touros ao exame andrológico.”
A pesquisadora alerta que “touros sub-férteis comprometem a fertilidade do rebanho, ocasionando perdas de produção”. Ela ainda lembra da importância de realizar um exame completo nos machos, visando à manutenção do potencial reprodutivo da categoria. “Aliás, a vida reprodutiva de um touro é de 10 a 12 anos.”
NUTRIÇÃO ANIMAL
Quanto à vaca no período da monta, ela deve estar bem nutrida, o que pode garantir sua fertilidade. “É aconselhável realizar um exame ginecológico antes da estação de monta nesses animais”, sugere Alessandra.
“Uma boa vaca deve produzir um bezerro por ano, o que significa dizer que é necessário que ela esteja prenhe até o terceiro mês após o parto. O descarte deve ser feito se ela falhar uma ou duas vezes, ou a critério do médico veterinário que assiste à fazenda. E as vacas de baixa habilidade materna que abandonam o bezerro e as vacas velhas também devem ser descartadas.”
Fonte: Embrapa Gado de Corte com edição d’A Lavoura