Estudo vai mostrar queda na contaminação por defensivos em vegetais

A tendência é que o uso de defensivos caia no decorrer dos anos, com a substituição desses por outras formas de combate às pragas. Foto: Mapa

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, afirmou que os resultados do Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes (PNCRC) de 2018 mostrarão que 97% dos produtos vegetais analisados estavam dentro dos limites de resíduos de defensivos agrícolas. Se os dados antecipados pela ministra forem confirmados, representam uma redução das contaminações em relação aos últimos resultados do PNCRC apresentados, que referem-se à safra 2014-2015.

O último resultado do PNCRC de vegetais disponível no site do Ministério foi divulgado em 2016. No estudo, o índice geral total de conformidade em relação aos produtos de origem vegetal era de 93,34%. Segundo a ministra, que deu as declarações em audiência na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados sobre o registro de defensivos agrícolas, na quarta-feira (30), os dados detalhados serão divulgados em novembro.

“Não podemos desinformar a nossa população e nem colocar pânico em uma coisa que não é exatamente como estão querendo colocar”, afirmou a ministra durante a audiência.

O governo tem sido criticado pelo aumento do ritmo de liberação de novos defensivos agrícolas, cujo número de autorizações bateu recorde neste ano. Entretanto, o governo justifica que o motivo é a agilização de filas e que todos os produtos já tinham sido aprovados pelos três órgãos necessários: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,  Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O Censo Agro 2017, divulgado na semana passada, mostrou que o número de estabelecimentos que admitiram usar agrotóxicos aumentou 20,4% nos últimos 11 anos. Ainda de acordo com o Censo, 15,6% dos produtores que utilizaram agrotóxicos não sabiam ler e escrever e, destes, 89% declararam não ter recebido qualquer tipo de orientação técnica.

A ministra disse ainda, durante a audiência, que há projetos para levar a assistência técnica aos pequenos agricultores. “Minha maior preocupação é o pequeno produtor. Esse que muitas vezes não sabe ler. Esse precisa realmente ter assistência técnica, que nunca se fez no Brasil. A assistência técnica está longe de ser boa ainda no Brasil”, afirmou.

Aos parlamentares, ela apresentou dados que demonstraram a evolução do Brasil na área agrícola graças ao uso de tecnologia, defensivos, investimentos em pesquisas e, principalmente, aumento da produtividade. De acordo com a ministra, em 40 anos, a produção agropecuária nacional cresceu 388%, enquanto a área para os cultivos aumentou 33%.

Sobre a agricultura tradicional e orgânica, ela reforçou que não há oposição entre as duas práticas. “Elas são complementares e não excludentes”, ressaltou. A ministra anunciou que, ainda em novembro, será lançada a Política Nacional de Bioinsumos, com o objetivo de incentivar o uso de defensivos biológicos.

Segundo a ministra, a tendência é o uso de defensivos cair no decorrer dos anos, com a substituição desses por outras formas de combate às pragas. “Daqui a 10 anos, não vamos estar mais debatendo o uso de pesticidas, mas sim a edição gênica, que será o grande futuro da agricultura no mundo”, disse.

Fonte: Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes (PNCRC) / Censo Agro 

Equipe SNA

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