Pandemia derruba moagem de cacau e pressiona preços neste início de ano

Divulgados nos últimos dias, os dados sobre o desempenho da indústria do cacau em 2020 mostram um declínio generalizado no consumo de chocolate no mundo, e confirmam, assim, o baque da pandemia previsto para o segmento.

Ao todo, o volume de cacau processado na Europa, na América do Norte e na Ásia foi de 2.7 milhões de toneladas no ano passado, 4,30% menor que o de 2019, quando o processamento aumentou mais de 3%.

Principal centro de processamento mundial, a Europa registrou uma redução 3,90% do volume de cacau moído no ano, que ficou em 1.4 milhão de toneladas, segundo dados divulgados na última semana pela Associação Europeia de Cacau (ECA, na sigla em inglês).

Na Ásia, as estatísticas da associação de cacau do continente (CAA, na sigla em inglês) mostraram uma queda mais acentuada, de 5,30%, para 830.200 toneladas. O declínio foi mais ameno na América do Norte, onde o processamento total caiu 3,50%, para 462.700 toneladas.

Com as medidas de isolamento social e a crise econômica desencadeada pela pandemia, o consumo de chocolates, que se dá em boa medida fora de casa, sofreu uma forte diminuição ao longo do ano passado.

A indústria teme agora que a nova onda global de aumento de casos de infecção pelo Coronavírus, em particular na América do Norte e na Europa, prolongue esse ambiente de baixo consumo.

A demanda reduzida entre os compradores, que tem pressionado os preços internacionais para baixo, está preocupando os principais produtores, como Costa do Marfim e Gana.

Esse receio ganha corpo em um momento em que os governos dos dois países tentam obrigar a indústria a pagar os R$ 400,00 por tonelada de diferencial de renda. Os recursos devem servir para reforçar os ganhos dos mais de três milhões de agricultores da região a partir desta safra (2020/21).

Sob esse quadro, as cotações do cacau acumulam queda de cerca de 5% neste mês de janeiro, depois de subirem mais de 20% em 2020. Na última sexta-feira, os contratos futuros de cacau com vencimento em março fecharam em baixa de 0,82% (US$ 21,00) na bolsa de Nova York, cotados a US$ 2.529,00 a tonelada. Esse foi o terceiro recuo seguido do mercado.

Segundo Jack Scoville, analista da Price Futures Group, há cerca de 100.000 toneladas paradas no porto da Costa do Marfim à espera de interesse comprador. Na última semana, diante da paralisação das vendas, produtores ligados a três associações marfinenses entraram em greve.

 

Valor

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp