A produção brasileira de grãos deve chegar a 202 milhões, 226 mil toneladas. Isso representa um aumento de 0,7% sobre a estimativa do mês passado e um recorde nacional.
“O clima ajudou, o mercado tem sido favorável de fato, a questão cambial tem sido um estimulo. Uma parte expressiva dos produtos que estão sendo colhidos aí, comercializados. No conjunto, ultrapassar os 200 milhões de toneladas é um número importante pro Brasil”, diz João Marcelo Intini, diretor de Política Agrícola da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A Conab destacou a região de MATOPIBA, formada pelos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Os números mostram um crescimento expressivo da produção de grãos nessa região.
Cinco anos atrás, o MATOPIBA produzia 12 milhões e 300 mil toneladas, o equivalente a 8,3% da produção nacional. Para a safra atual, a previsão é de quase 20 milhões de toneladas: 9,7% do total.
“É uma região com alta tecnificação, os produtores já aprenderam a lidar com aqueles solos ali, já aprenderam a lidar com a janela curta de chuva”, explica André Nassar, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura.
A Conab divulgou também que a safra de trigo, que é colhida no inverno, pode chegar ao recorde de sete milhões de toneladas, um milhão de toneladas a mais do que no levantamento de abril.
“Nós ficamos surpresos com a intenção de plantio, então isso reflete muito na expectativa e na tendência de preço do produto, isso faz com que o produtor invista mais uma vez no trigo como uma cultura de inverno”, explica Rubens Rodrigues, presidente da Conab.
A safra de soja também é a maior já registrada no Brasil: 95 milhões de toneladas, com aumento de quase 800 mil toneladas sobre a estimativa anterior.
SOJA
O Brasil nunca colheu tanta soja. Crescimento de 10% e novo recorde, resultado do aumento da área plantada e também da produtividade. Que poderia, inclusive, ter sido ainda maior.
“Tínhamos o potencial para produzir ainda mais, mas em função de fatores climáticos, principalmente no início do plantio e também no pleno desenvolvimento das culturas agora no mês de janeiro, o potencial ficou bastante reduzido em algumas áreas”, esclarece Ricardo Tomczyk, presidente da Aprosoja/MT.
Contratempos à parte, o saldo foi positivo. De Norte a Sul, todas as regiões produziram mais, destaque para o Nordeste e o Norte, onde proporcionalmente o avanço foi maior.
Em Mato Grosso, responsável por aproximadamente 30% de toda soja produzida no País, a colheita acabou e também foi recorde: quase 28 milhões de toneladas. Os agricultores já venderam 75% deste volume e o restante está guardado em silos.
Na fazenda do agricultor Fernando Ferri, em Campo Verde, no sudeste do Estado, 28 mil sacas estão armazenadas. A colheita terminou em março, com rendimento de 57 sacas por hectare. “Teve um incremento de produtividade de três sacas em relação ano passado, mas três sacas abaixo do investimentos. Não alcançamos devido a seca inicial”.
Apesar da produtividade um pouco aquém da desejada, o agricultor está satisfeito. A safra marcou a inauguração do primeiro armazém da fazenda.
“É a realização do sonho de todo produtor, que quer ter seu armazém próprio. É um marco que diferencia o antes e o depois da fazenda.”