A produção de biogás a partir dos resíduos sólidos orgânicos das atividades agrícolas permite reduzir a contaminação de fontes de água e as emissões de gases do efeito estufa. Além disso, contribui para o acesso a energias renováveis nos territórios rurais da América Latina e Caribe, de acordo com pesquisadores e especialistas de organismos internacionais reunidos no Brasil para analisar o nexo entre agricultura, água e energia.
Especialistas de 16 países da região, reunidos no Parque Tecnológico Itaipu, que pertence à Itaipu Binacional, na fronteira entre o estado do Paraná, no Brasil, e o Paraguai, destacaram que o uso dos resíduos, em particular os provenientes da produção de alimentos pela agricultura familiar, representaria uma oportunidade para contribuir com a inclusão social e o desenvolvimento rural territorial.
O encontro contou com a participação do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Agência Internacional de Energia (AIE), Organização Latinoamericana e do Caribe de Energia (Olade) e organizações das Naçoes Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) e para o Desenvolvimento Industrial (Onudi), e de representantes do setores agrícola, energético e acadêmico da América Latina e Caribe.
Produção de bioenergia previne contaminação de bacia
Os participantes da reunião também fizeram uma visita à Cooperativa de Agroenergia para a Agricultura Familiar, no município de Marechal Cândido Rondon, no Paraná. Os produtores locais formaram um empreendimento, na forma de um condomínio para produção de biogás a partir dos dejetos gerados nas atividades agrícolas. O projeto envolve 33 pequenas propriedades. Em cada uma, um biodigestor produz fertilizantes e gás, que tem uma parte aproveitado na própria unidade. O excedente é levado por um gasoduto para uma planta central que produz energia para a rede local, calor para a secagem de grãos e biometano usado como combustível para veículos.
Segundo Orlando Vega, especialista em energias renováveis do IICA, o tratamento dos resíduos no empreendimento paranaense ainda previne o despejo de contaminantes na bacia de Ajuricaba e contribui para o prolongamento da vida útil do reservatório da hidrelétrica de Itaipú. ”A intertependência entre agricultura, água e energia é cada vez mais evidente. As barreiras para acesso a algum destes elementos pode limitar o desenvolvimento sustentável dos territórios rurais”, analisou.
O diretor-técnico regional do programa Alianza en Energía y Ambiente (AEA), Oliver Marcelo, apresentou no encontro as experiências desenvolvidas nos territórios rurais de Santander de Quilachao, en Colômbia; e nos distritos de Chancaybaños, La Esperanza, Pulán y Andabamba, no altiplano peruano. A AEA é um programa do Minist;erio de Assuntos Exteriores da Finlândia e o IICA para o desenvolvimento de energias renováves e promoção da inclusão social na Bolívia, Colômbia, Equador e Perú.
Fonte: Agrolink