Reeleita para o segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff terá pela frente grandes desafios, principalmente no que diz respeito à estagnação da economia brasileira, hoje sustentada pelos produtores rurais do País. Para fazer com que o Brasil volte a crescer, além de medidas econômicas, ela já declarou que irá dialogar com diversas áreas, entre elas o agronegócio, que aguarda novas políticas agrícolas para os próximos quatro anos.
“Esperamos que o governo mantenha a política dos Planos Safra anteriores, elevando a disponibilidade de recursos e implementando melhorias à medida da necessidade do setor. Eles devem ser plurianuais, de forma a proporcionar ao homem do campo a possibilidade de planejar suas atividades por um tempo mais longo. Também é preciso reduzir a burocracia de uma forma geral, em particular à relacionada ao crédito rural”, ressalta Antônio Alvarenga, presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).
Em sua opinião, o seguro agrícola precisa urgentemente ser ampliado e aprimorado, de forma que este seja adequado à dimensão e importância do agronegócio.
“Hoje menos de 10% da área plantada é segurada. O produtor, além de cuidar de seu empreendimento, com todas as dificuldades que lhes são inerentes, tais como a adoção de tecnologias avançadas, a variação de custos de produção, a flutuação nos mercados de commodities e de câmbio, ainda assume os riscos climáticos, de pragas e doenças, que estão fora de seu controle”, afirma Alvarenga.
FAEG
Presidente da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner também concorda que entre as principais demandas do agronegócio, para o próximo mandato da presidente Dilma, estão o aprimoramento do seguro rural e infraestrutura e logística.
“A infraestrutura de transporte é o principal gargalo para o desenvolvimento do setor. Além da reestruturação da malha viária, é preciso investir em ferrovias e hidrovias. Além disso, a agropecuária precisa de um seguro de qualidade, porque a atividade do produtor está sujeita à instabilidade do mercado, do ambiente econômico e do clima”, ressalta Schreiner.
Em sua opinião, a garantia da segurança jurídica também é fundamental, principalmente no que se refere às questões trabalhistas e indígenas. “Também é importante garantir mais agilidade no registro de defensivos agrícolas. Isto é determinante para reagirmos ao ataque de pragas, que surgem e devastam lavouras antes que os produtos sejam liberados.”
Por fim, Schreiner cita que o investimento em assistência técnica também é outra área do agronegócio fundamental para garantir o progresso dos pequenos produtores. “O Brasil é referência mundial na utilização de tecnologia agrícola, no entanto ela não chega à classe produtora de menor renda, que não possui capacitação para aplicar a tecnologia no campo”, diz o presidente da Faeg.
FAMASUL
Presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Eduardo Riedel espera que Dilma reveja pontos da política econômica para que se crie um ambiente atrativo para investimentos e de confiança para o empresariado, gerando emprego e renda, fazendo com que o País volte a crescer.
“É fundamental retomar o otimismo. Alguns dos pontos urgentes para o novo mandato são o ajuste fiscal, o controle da inflação e o investimento permanente na infraestrutura e logística para dar competitividade ao setor produtivo que já faz o dever de casa ‘dentro da porteira’”, salienta Riedel.
ABPA
Já o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, destaca que é importante a presidente reeleita e sua equipe fortalecerem o trabalho de relações exteriores, focando especialmente na abertura de novos mercados para a exportação de produtos do setor.
“Ao mesmo tempo, esperamos dela mais dedicação à consolidação de acordos bilaterais representativos para o comércio exterior brasileiro, para que não fiquemos para trás frente aos vários acordos que vêm sendo firmados entre as maiores economias do mundo. As relações exteriores precisam ser prioridade para que o Brasil não perca competitividade”, ressalta Turra.
Ele também acredita serem necessárias políticas mais fortes de estabilização cambial, pois, no seu entendimento, “para quem exporta, fica cada vez mais difícil trabalhar diante das incertezas geradas pelas oscilações do dólar”.
“Dentre tudo isto, é fundamental ao governo voltar seus olhos, cada vez mais, para o campo. É preciso incentivar a tecnificação, expandir e facilitar o acesso ao crédito e incentivar a adoção de tecnologias que melhorem a agregação de valor”, destaca o presidente da ABPA.
“Nunca é demais ressaltar a necessidade de investimentos em infraestrutura logística, porque as agroindústrias brasileiras perdem a maior parte de sua competitividade, construída dentro da porteira, com a adoção de tecnologias, revisão de processos e redução de custos, a partir do momento em que se inicia o transporte do produto. Estamos décadas atrasadas frente a grandes competidores internacionais no setor de cárneos, por exemplo, como os EUA”, afirma Turra.
Presidente da SNA elogia ações da presidente
Para o presidente da SNA, Antônio Alvarenga, os desafios da presidente reeleita são inúmeros, “mas é fato que Dilma apoiou ações importantes para que o agronegócio recebesse a força que merece, mas ainda há muito para modificar em relação à política agrícola como um todo”.
“Considero que a política do governo Dilma Rousseff foi positiva para o agronegócio. Os sucessivos Planos Safra da agricultura e pecuária, bem como da agricultura familiar, foram adequados. O volume de recursos cresceu significativamente e algumas linhas de financiamento foram criadas e outras aprimoradas.”
No entendimento de Alvarenga, as taxas de juros cobradas dos produtores rurais foram um pouco mais justas, mas é importante que o País comece a resolver seu maior gargalo: o problema de logística e infraestrutura.
“A solução não será rápida, pois serão necessários investimentos de vulto, durante muitos e muitos anos, para recuperar o tempo perdido”, opina o presidente da SNA.
Por equipe SNA/RJ