O futuro da citricultura: inovações e desafios. Por Marcos Fava Neves

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Setor é um dos mais competitivos do Brasil

A citricultura, base da economia de várias regiões brasileiras, em especial no estado de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, está diante de uma oportunidade que pode trazer luz a importantes transformações e avanço ao cultivo de frutas cítricas. Pesquisadores e especialistas de países como Espanha, França e Argentina se reuniram recentemente em Araraquara (SP) e apontaram a mecanização da colheita como a grande aliada para os produtores levarem mais produtividade às indústrias de suco.

Parte significativa do custo de produção de citros está na mão de obra. Ignasi Iglesias (Grupo Agromillora) destacou que a mecanização promete ser uma solução vantajosa: “menos esforço humano e maior produtividade”. Experiências como a colheita de maçã e outras frutíferas na Espanha, apresentada durante o encontro promovido pelo Fundo de Defesa da Citricultura, o Fundecitrus (conheça o importante papel da organização em: https://www.fundecitrus.com.br), mostraram que a iniciativa está dando certo.

O exemplo da Europa demonstra que a mecanização pode ser uma solução viável e assertiva para a colheita de frutas em larga escala, tornando a citricultura mais competitiva e sustentável, especialmente em um momento em que o Brasil tem apagão de mão de obra em diversas áreas.

Algumas medidas precisam ser tomadas para que seja possível a implementação de máquina na colheita de citros, como:

  1. Adensamento de plantio: lavouras mais densas e árvores menores resultam em maior produtividade com menos uso de inseticidas;
  2. Porta-enxertos de menor porte (ananicantes) são mais interessantes, pois tendem a reduzir a incidência da doença chamada de greening e recebem melhor uso de inseticidas, além de brotarem menos, restringindo a chegada do psilídeo, inseto vetor da doença, que tem predileção por brotos;
  3. O processo mecanizado e semimecanizado na citricultura com árvores menores reduz consideravelmente a aplicação de defensivos.

A pergunta que paira na mente de todo citricultor é: como será o futuro desse setor? A resposta está ancorada em três pilares: conhecimento, inovação e sustentabilidade. O desafio é claro: fazer mais com menos. O caminho para isso dependerá das ações individuais e das pesquisas de campo. A ciência será a solução essencial dos citricultores.

É fundamental entender que a “Citricultura 4.0” precisa estar adaptada ao greening, doença altamente prejudicial a todas as variedades de citros (laranjas, limões, tangerinas e limas) e que, depois de alguns anos, reduz drasticamente a produtividade e qualidade da fruta cítrica (desenvolvimento, qualidade e o sabor dos frutos). A pesquisa e a ciência terão um papel fundamental, oferecendo soluções a médio e longo prazos para enfrentar os desafios que virão.

Essa prática integra tecnologias avançadas, como a internet das coisas (IoT), inteligência artificial, análise de dados e sensores, o que permite o monitoramento detalhado das plantações. Com informações em tempo real sobre condições climáticas, sanidade das árvores e comportamento de pragas, os citricultores podem agir preventivamente, identificando precocemente sinais de doenças e implementando estratégias de manejo específicas para conter a propagação. A aplicação de tecnologias de precisão, não só permite uma resposta mais ágil a doenças, mas também auxilia na implementação de práticas agrícolas mais sustentáveis e eficientes, reduzindo os impactos econômicos e ambientais.

Embora a mecanização na citricultura em países como a Espanha ainda enfrente desafios específicos como adaptação a diferentes tipos de árvores e terrenos, as experiências globais bem-sucedidas demonstram que essa tecnologia pode transformar e modernizar a produção, tornando-a uma inspiração e modelo para outras regiões produtoras de citros ao redor do Brasil.

O futuro da citricultura global e nacional será moldado pela capacidade de inovar, adaptar-se a desafios emergentes, abraçar práticas de proteção ambiental e responder às expectativas dos consumidores, transformando a indústria em um modelo mais resiliente, eficiente e responsável. É um setor que traz grande contribuição às exportações do Brasil num valor próximo a US$ 2 bilhões por ano e usa relativamente pouca área, sendo muito importante na sustentabilidade econômica, ambiental e social.

Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) da FGV (São Paulo – SP) e fundador da Harven Agribusiness School (Ribeirão Preto – SP). É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio e Diretor Técnico da SNA. Confira textos e outros materiais em harvenschool.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves). 
Texto originalmente publicado na revista Veja, gentilmente cedido pelo autor a SNA.
Redação SNA – imprensa@sna@agr.br

 

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