O cenário de uma nova crise sem precedentes volta a impactar o setor frigorífico brasileiro que produz carne bovina depois de um ano considerado bom em 2015 e um início de recuperação que não chegou a consumar-se. Três fatores de dificuldades que historicamente não costumam andar juntos, mas que, desta vez, ocorreram ao mesmo tempo, tem deixado os empresários preocupados com o futuro porque não há sinais de que no curto prazo a situação se modifique.
O alerta é do Presidente Executivo da Associação Brasileira de Frigoríficos (ABRAFRIGO), Péricles Salazar para quem “está muito próxima a situação de fechamento de unidades e desemprego, algo que não imaginamos que pudesse vir a ocorrer tão cedo”. O setor emprega mais de 1 milhão de trabalhadores em todo o Pais.
O principal deles é a queda paulatina do consumo de carne bovina que, em anos passados rondou perto de 40 quilos/ano por habitante e que hoje já está em 32 quilos/hab/ano, segundo a CONAB, e ainda apresentando tendência de continuidade devido à queda do poder aquisitivo da população. O segundo fator é o mercado externo que tem se mostrado de difícil crescimento devido a diminuição das importações de importantes clientes Brasileiros como a Rússia e a Venezuela devido aos baixos preços do petróleo e que não consegue dar escoamento ao que não é consumido internamente, deprimindo os preços. Vale lembrar que o Brasil exporta somente 20% da carne bovina que produz, e se espera um crescimento de pelo menos 4,1% (mais 76.100 toneladas), para um total de 1.915 milhão de toneladas, um resultado melhor que o de 2015, mas que perde sua força para o terceiro elemento da crise: os baixos preços pagos pelo produto brasileiros no mercado internacional já fizeram com que o valor da desvalorização do real perante o dólar fosse anulado e mesmo as empresas exportadoras correm risco de prejuízo. “Além disso, as exportações, que compensavam a dificuldade de gerar resultado financeiro com o mercado interno, perderam rendimento com a desvalorização cambial e alta da arroba. O dólar abaixo de R$ 3,50 como está atualmente não ajuda em nada o setor”, conclui Péricles Salazar.
Fonte: Agrolink