Eles, em sua maioria, são jovens (25 a 40 anos), ecléticos em matéria de produção e têm a preocupação de estabelecer estratégias diferenciadas de aproximação entre consumidor e produtor, para que ambos obtenham ganhos reais. Este é o perfil do novo empreendedor do mercado de orgânicos.
A constatação foi feita por Sylvia Wachsner, coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos (CI Orgânicos) da SNA, após participar da Feira do Empreendedor do Sebrae, no Rio de Janeiro. “Conversamos com muitas pessoas, sobretudo jovens, para os quais os alimentos orgânicos respondem a seus anseios de apostar em uma agricultura mais sustentável e saudável”, conta.
Durante a feira, realizada recentemente no Riocentro, a SNA atendeu interessados em investir nos mais variados segmentos de orgânicos, desde frutas e hortigranjeiros e insumos que utilizam resíduos da produção nos sítios, até o varejo de alimentos, passando ainda pela produção de sorvetes à base de frutas orgânicas.
GUIA
Pensando em orientar esses novos investidores, o CI Orgânicos lançou um guia com dicas para quem deseja ingressar nesse mercado. “As pessoas interessadas em investir têm de entender qual é a importância da legislação orgânica, o que significa certificação, o que é um produto orgânico”, assinala.
Entre várias recomendações, Sylvia ressalta que, para o fechamento de um plano de negócios, é importante incluir, por exemplo, a análise prévia do solo da água da região onde se pretende implantar uma agroindústria orgânica ou mesmo iniciar uma produção do gênero.
Para a coordenadora do CI Orgânicos, a receptividade do guia tem sido bastante positiva. “Enviamos pacotes dessa publicação a técnicos que capacitam produtores e que entram em contato conosco pelas mídias sociais. O guia também tem um bom número de acessos em nossa biblioteca virtual. Na Feira do Empreendedor, o documento respondia a muitas das perguntas que nos foram feitas”.
OPORTUNIDADE
O evento no Riocentro também foi uma oportunidade para a SNA divulgar suas atividades e projetos do setor de orgânicos, entre eles, os cursos técnicos ministrados no campus educacional no bairro da Penha (Zona Norte do Rio de Janeiro), e os portais CI Orgânicos e OrganicsNet. “Várias pessoas já conheciam nossas atividades das mídias sociais e quiseram nos conhecer pessoalmente. A palavra ‘Orgânicos’ que constava do quadro de identificação de nosso estande, sempre provocava um sorriso na face dos visitantes. Como resposta, oferecíamos biscoitos orgânicos e era assim que iniciávamos nossas conversas”, lembra Sylvia.
LACUNAS E AVANÇOS
A produção orgânica no Brasil ainda vive sua fase inicial. Mas já é possível identificar alguns avanços e desafios. “A cadeia de fornecimento ainda é fraca por falta de diversos produtos com demanda, como por exemplo, frutas e leite. Já a logística para entrega de pequenos volumes tem melhorado, mas os custos ainda são bastante elevados. As feiras municipais, que permitem aos produtores comercializar seus produtos, sobretudo hortigranjeiros, diretamente aos consumidores, continuam a crescer. Por outro lado, percebemos que a margem colocada pelo varejo nos alimentos orgânicos, industrializados ou não, continua muito elevada ou classifica certos produtos como artigos de luxo”, declara a coordenadora da SNA.
NORMAS E DESAFIOS
Quanto à legislação específica, Sylvia Wachsner acredita que as normas estão sendo aplicadas de forma correta. Porém, admite a existência de alguns entraves. “Há problemas no que diz respeito à importação de orgânicos e sua certificação conforme a lei nacional, assim como na divulgação da certificação. Ainda encontramos produtos industrializados que indicam ser orgânicos, mas que não atendem à regulamentação, ou seja, não são certificados como orgânicos e não levam o selo do governo brasileiro”.
Segundo ela, o setor precisa avançar – e muito – em relação a pesquisas, estatísticas, registros e cadastramento de produtores. “A produção de sementes orgânicas ainda está nos primórdios. Requer pesquisa e investimento para incrementar as variedades. O registro de novos insumos no Ministério da Agricultura é muito demorado e, em alguns casos, existem opiniões divergentes entre o MAPA e a Anvisa que emperram ainda mais o processo.
O cadastro dos produtores orgânicos do Ministério da Agricultura precisa ser melhorado. A princípio, deveria haver uma chamada a respeito na primeira página do site do Mapa. Também não sabemos que volumes são produzidos. Não contamos com estatísticas oficiais de exportação. A falta de um dígito identificador dos produtos exportados exime a criação das estatísticas”, ressalta Sylvia.
Acesse o guia com dicas de investimentos em orgânicos clicando em OrganicsNet.
Por equipe SNA/RJ