Gustavo Diniz Junqueira, de 42 anos, é o novo presidente da Sociedade Rural Brasileira, eleito na segunda-feira, 3 de fevereiro, pelo Conselho Superior da entidade para comandá-la até 2017. Ele tomou posse no cargo antes ocupado por Cesario Ramalho da Silva, que liderou a SRB por sete anos.
Administrador de empresas, com carreira reconhecida na área financeira, Junqueira afirma que um dos principais pilares de sua gestão será o engajamento em projetos que conduzam ao “ganho contínuo de eficiência produtiva”. “O Brasil carece neste momento de um projeto agrícola de extensão nacional para que a gente possa planejar o futuro. A gente tem trabalhado de maneira mais individual. Empresas e produtores rurais têm buscado desenvolver seus negócios até onde suas possibilidades alcançam”, avalia Junqueira.
O presidente acredita que, para que o plano ganhe consistência, é necessária a união de formadores de opinião, lideranças e pessoas “com conhecimento profundo do segmento e visão de longo prazo” em um grupo que, segundo ele, de forma simples e objetiva, trabalhe na concepção de soluções para o agro.
“O setor precisa se engajar nos grandes temas brasileiros, como educação, segurança, saúde e alguns até pouco tempo considerados apenas urbanos, como a mobilidade”, destaca. “Precisamos discutir como tirar pessoas e produtos do campo no caos em que vivemos hoje.”
Junqueira cita também a importância de se pensar em alternativas para aproximar cada vez mais a tecnologia do meio rural.
“Existe a preocupação em transferir e levar mais informação para que o agricultor tenha condições de utilizá-la em sua propriedade. Mas só a inteligência não basta. Precisamos do capital, das estruturas de financiamento e investimento para que aquela tecnologia seja aplicada”, reforça ele, que aponta a necessidade de se “recriar todo o conceito de escolas técnicas espalhadas pelo Brasil”.
“Eu acho que tudo na vida tem ciclos. Na agricultura, a gente passou por um período de extrativismo para um de expansionismo e chegamos a um período mais voltado para a técnica, com a abertura de novas áreas que exigem técnicas diferentes das que já conhecemos”, complementa.
O problema de insegurança jurídica vivido no país também é colocado em pauta. “Os investidores precisam de serenidade para investir no Brasil no longo prazo. Sem esse pilar, todos os outros esforços ficam diminuídos. Não dá mais para ficar discutindo direito de propriedade. Não dá mais para ficar com essa visão de curtíssimo prazo. Plano de safra só prevê um ano, mas temos que pensar em longos anos.”
Segundo o gestor, o comprometimento na promoção do agro deve ser prioridade no momento atual do Brasil, em que o segmento é “um grande produto de inovação e que temos o que o mundo mais quer e precisa: alimento, fibras e energia renovável”. Este ano de eleição é encarado como uma grande oportunidade para atrair a atenção do governo, já que, diz ele, “não adianta ter um planejamento ótimo e não conseguir executar”.
“Eu acho que não só a Rural, mas também todas as associações, os sindicatos, agências, todos aqueles que estão preocupados com a contínua melhoria e crescimento do agronegócio devem, de uma forma objetiva, se aproximar para que a gente possa levar aos postulantes ao cargo do executivo e aos principais postulantes ao legislativo uma mensagem única do setor”, conclama ele.
“Precisamos olhar para o nosso próprio umbigo e fazer críticas a nós mesmos. E que essas críticas sejam canalizadas para transformar o país na maior potência mundial na produção de alimentos.”
Por Equipe SNA/RJ