O preço mínimo para o trigo anunciado informalmente pela ministra da Agricultura, Kátia Abreu, não cobre a alta dos custos de produção que os agricultores terão para implantar as lavouras neste inverno no Rio Grande do Sul. A avaliação é do presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), Paulo Pires. Em conversa com jornalistas, a ministra disse que o valor do reajuste deve ser de 4,5%.
Conforme o dirigente da entidade, em fevereiro entidades gaúchas apresentaram um estudo ao Ministério da Agricultura de que a alta dos custos de produção, incluindo energia elétrica, insumos agrícolas e combustíveis, chegaria a 19%. Entendendo o ajuste fiscal que o governo federal está promovendo, foi feita uma nova proposta de aumentar 9,5% neste ano e o restante em 2016. Entretanto, com o anúncio ainda não oficializado, o valor chegaria a R$ 583,00 a tonelada enquanto o valor ideal seria de R$ 665,00. “Existe uma decepção muito grande com a política do trigo. O produtor está desapontado, pois as reivindicações não foram atendidas e pedidos como Proagro e seguro agrícola não foram atacados fortemente para incentivar o agricultor a plantar a cultura”, disse.
Aliado a este cenário, a frustração de safra no estado em 2014 devido a problemas climáticos, com uma quebra de 42% em relação ao ano de 2013, deve refletir na área plantada no Rio Grande do Sul. Pires acredita que a redução fique entre 15% e 20% dos 1.15 milhão de hectares cultivados na safra anterior. Apesar dos problemas, o presidente da FecoAgro/RS defende os investimentos na cultura. Um dos motivos é a informação de que os preços de importação de trigo na Argentina, que balizam o mercado brasileiro, estão reagindo. “Nosso preço é menor, mas esta informação sinaliza, se nós tivermos uma safra boa e com qualidade, teremos valores melhores. Isto muda o contexto e o produtor pode ter resultados econômicos positivos mesmo com uma colheita que não se exija tanto, chegando a até 40 sacas por hectare neste novo patamar de safra”, disse.
Além disso, lembra também que o plantio é importante para manter a cobertura de solo durante o período do inverno, um dos valores preconizados pelo plantio direto. Pires salienta que em uma safra normal e sem prejuízos, se gera um excedente de 1.5 milhão de toneladas que podem ser exportadas, o que ajuda na renda do produtor. Outra questão pregada pelo presidente da FecoAgro/RS é que a cadeia produtiva se una para definir a segregação da cultura. Para o dirigente, o Rio Grande do Sul tem condições de produzir as variedades indicadas pela indústria, mas é preciso ter um retorno de que, se cumprir com o pedido, poderá ser mais bem remunerado pela qualidade do cereal entregue aos moinhos.
Fonte: Agrolink