A qualificação da mão de obra e a difusão de novas tecnologias no meio rural são demandas permanentes do agronegócio em todo o País. Para tanto, são necessárias parcerias constantes entre os setores públicos e privados para que as novidades do setor agropecuário cheguem ao campo. É o que afirma Gustavo Piccoli, cotonicultor de Sorriso (MT) e presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt) e do Instituto Algodão Social (IAS).
No próximo dia 17 de outubro, ele será responsável pela inauguração do primeiro Centro de Treinamento e Difusão Tecnológica do Estado de Mato Grosso, no município de Sorriso. No mesmo dia, também acontecerá a “Vitrine Tecnológica” do IMAmt, ocasião em que os participantes terão a oportunidade de conhecer os trabalhos desenvolvidos pelo Laboratório de Biologia Molecular, instalado na Unidade Experimental do Instituto, em Primavera do Leste (MT). O Laboratório atua nos processos de melhoramento genético vegetal e controle de qualidade genética dos lotes de sementes transgênicas.
Com o objetivo de promover treinamentos e cursos de capacitação dirigidos aos cotonicultores, colaboradores e pessoas dispostas a atuar no setor algodoeiro, o novo Centro de Treinamento e Difusão Tecnológica ainda atenderá as cidades do chamado Núcleo Regional Norte, como Lucas do Rio Verde, Nova Mutum e Sinop. As três se destacam na produção de fibras e grãos no Brasil.
“O Centro não assistirá apenas os produtores de algodão e, sim, o sistema produtivo adotado hoje em Mato Grosso, que inclui a produção de soja e milho, o sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), entre outros”, informa Piccoli.
O presidente das três entidades ainda destaca que somente este setor do agronegócio gera, atualmente, cerca de 20 mil empregos diretos e aproximadamente 60 mil empregos indiretos no Estado. Mato Grosso é o maior produtor brasileiro de algodão, com mais da metade da produção de todo o País.
UMA IDEIA, UM PROJETO
Há poucos anos, percebendo a importância crescente da qualificação da mão de obra para o setor algodoeiro, os associados da Ampa tiveram a ideia de construir um espaço onde estes cursos e treinamentos pudessem ser realizados. “Nasceu, assim, o projeto dos Centros de Treinamento e Difusão Tecnológica.”
Até o final de 2016, como anuncia Piccoli, serão inaugurados outras quatro unidades em MT: Rondonópolis (Núcleo Regional Sul), Campo Verde (Núcleo Regional Centro), Campo Novo do Parecis (Núcleo Regional Médio Norte) e Sapezal (Núcleo Regional Noroeste).
“A cultura do algodão é altamente complexa e tecnificada, além de ter altos custos de produção. Tudo isto levou os associados a propor a criação destes centros para atender melhor o seu público-alvo”, reforça.
Ele relata ainda que tais atividades, que serão promovidas nos novos centros, antes eram realizadas em fazendas e/ou auditórios alugados ou cedidos por outras instituições, situação que irá mudar com a inauguração do primeiro Centro de Treinamento e Difusão Tecnológica de MT.
O ESPAÇO
Com uma área de 130 hectares, sendo 3 mil metros quadrados de área construída, o novo espaço do Núcleo Regional Norte dispõe de dois auditórios, área administrativa (com sala de reunião e local para realização de treinamentos de menor porte), refeitório, alojamento, garagem de máquinas, depósito de insumos e um galpão que abrigará as salas para treinamentos e oficinas.
“Cerca de 120 hectares da área do Centro serão destinados ao desenvolvimento e difusão de novas tecnologias, sendo que 40 hectares desta área externa são irrigados (equipados com pivô central). Todas as atividades voltadas para a qualificação de mão de obra e difusão de tecnologias, por meio de Dias de Campo, por exemplo, passarão a ser realizadas neste ambiente”, conta o presidente da Ampa/IMAmt/IAS.
ATUAÇÃO
De acordo com Piccoli, algumas tecnologias já estão sendo desenvolvidas na área externa do Centro de Treinamento e Difusão Tecnológica do Núcleo Regional Norte, mas os treinamentos voltados para a capacitação de mão de obra do homem do campo devem começar somente a partir do ano que vem.
“Muitos pesquisadores e consultores do IMAmt e do IAS irão trabalhar no Centro, seja na capacitação de mão de obra (como, por exemplo, nos treinamentos voltados para monitores de praga), seja na difusão de tecnologias para produtores e colaboradores. No entanto, eles vão continuar sediados na Unidade Experimental de Primavera do Leste, onde são desenvolvidas atualmente as novas tecnologias, ou em nosso escritório central, que fica na capital Cuiabá.”
O Centro de Treinamento e Difusão Tecnológica de Sorriso será mantido com recursos próprios e por meio de projetos. Todas as cinco unidades, que têm os mesmos moldes deste primeiro, estão sendo construídas com o apoio financeiro do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA).
O IMAmt também está fechando parcerias com instituições de ensino e pesquisa, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT).
Por equipe SNA/RJ