Nova soja transgênica é apresentada no RS

A Bayer reuniu em Passo Fundo, nesta semana, cerca de 450 produtores gaúchos para conhecer o que a multinacional clássica como terceira geração da soja transgênica no Brasil. Em uma área demonstrativa a empresa apresentou ao grupo os diferenciais da tecnologia Intacta 2 Xtend. Para que seja comercializada no Brasil, onde já tem aprovação da CTNBio e do Ministério da Agricultura, porém, a nova cultivar ainda depende da aceitação por parte da China. O país compra hoje cerca de 80% de toda a soja exportada pelo Brasil.

“Como a China é o maior comprador de soja do Brasil, antes de colocar essa tecnologia efetivamente nas lavouras daqui, precisamos ter a certeza da aprovação deles. Mas trabalhamos com a perspectiva de termos tudo certo para a safra 2021/2022”, disse o responsável da Bayer para o lançamento da Intacta 2 Xtend no Brasil, Fábio Passos.

Entre as inovações da nova cultivar de oleaginosa está a maior possibilidade de combate à buva, uma erva daninha que tem presença crescente nas lavouras gaúchas (e que pode reduzir a produtividade em até 30%). Além disso, a Bayer também reforçou em seu pacote mais forças no combate a lagartas (seis ao todo) com três proteínas. A ideia é, assim, proteger melhor a lavoura e com menos custos e se resguardar até mesmo dos ataques da temida Helicoverpa armigera. “No caso da buva, a nova tecnologia é especialmente interessante ao Rio Grande do Sul. Enquanto a média nacional de aplicação de herbicidas contra a buva é de 40% das áreas, no Rio Grande do Sul chega a 90%”, disse Passos.

A Intacta 2 Xtend é apontada como a terceira geração da soja transgênica porque vem depois da Intacta RR 2 Pro, lançada em 2013, e da primeira semente de soja transgênica cultivada no Brasil, a RR, em 1998. Hoje, praticamente 100% do cultivo da oleaginosa no País é modicada geneticamente. Na China, porém, não há cultivo transgênico, mas o governo faz seus próprios testes em pequenas áreas antes de liberar o ingresso de soja com essa origem no país.

“Os testes de avaliação chinesas estão em andamento. No Brasil, já trabalhamos com essa tecnologia, em áreas próprias, há oito anos. Ou seja, temos conhecimento completo do que estamos colocando no mercado e não temos dúvida da aprovação chinesa, assim como da União Europeia, também em processo de avaliação”, disse Passos.

No próximo ano, o plano é começar o cultivo em cerca de 300 propriedades do Brasil, cerca de 30 gaúchas, em áreas de até cinco hectares. A ideia é que os produtores comecem a verificar em suas próprias terras os ganhos com a nova cultivar. Os produtores selecionados para essa etapa também terão apoio para melhoramento do manejo e uso intensivo de ferramentas digitais de controle das lavouras.

“Só assim, com reforço digital, alcançaremos todos os ganhos que essa tecnologia pode dar. E esses produtores, após a certeza dos ganhos que podem ter, automaticamente passam a adotar toda a plataforma de serviços e se tornam disseminadores espontâneos da nova tecnologia”, disse o executivo da Bayer.

Combate de cerca de 270 ervas daninhas, como buva, caruaru, corda-de-violão e picão-preto.

A cultivar é resistente ao dicamba, um defensivo que permite eliminar a buva mesmo quando ela ocorre depois da germinação da soja, o que até hoje não era viável.

Opera com ataque a lagartas com três proteínas diferentes, o que reduz a necessidade de reaplicação de químicos. Caso a primeira proteína não elimina a lagarta, entram em ação as outras duas, que tendem a ter maior êxito no combate.

Com novos métodos de melhoramento genético, a cultivar se adapta melhor a diferentes solos e climas do Brasil, marcadamente tropical, e por isso mais sujeito ao surgimento de pragas.

Jornal do Comércio

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