Na Alemanha, Ministra da Agricultura defende ações sustentáveis do governo

Em mais uma tentativa de responder às críticas internacionais à atuação do governo Bolsonaro na área ambiental, sobretudo no agronegócio, o Ministério da Agricultura fez uma apresentação ontem, durante um seminário promovido pela embaixada brasileira na Alemanha, sobre as principais diretrizes da Pasta para o desenvolvimento sustentável da agropecuária brasileira.

Um documento lançado no evento mostra resultados do Plano ABC e aborda a atuação da atual gestão do Ministério em três pilares: inclusão produtiva de pequenos produtores, regularização ambiental e fundiária e o estímulo à inovação no campo.

Entre os desafios listados para avançar nestas áreas estão a implementação do Código Florestal e do pagamento por serviços ambientais (PSA). O Ministério ainda reforçou a meta de ampliar em 300% as áreas sobre concessões florestais e a intenção de estruturar de novos instrumentos para financiamento de atividades sustentáveis como “green bonds” e “climate bonds”.

A peça vai nortear o discurso de hoje de Tereza Cristina na abertura Green Week, a 85ª Semana Verde Internacional, na Alemanha. Ela também será discutida no Fórum Global para Alimentação e Agricultura (GFFA), com cerca de 200 ministros e secretários de Agricultura de todo o mundo. Reuniões bilaterais e um encontro com representantes do G-20 também estão na agenda europeia da ministra.

“Os problemas são muito comuns entre os países, mas é importante ouvir o que o mundo quer, como vamos fazer comida daqui para frente, qual será o modelo. É importante saber o que os países estão pensando e tirar desse fórum um alinhamento para a agricultura”, disse ao Valor a Ministra Tereza Cristina.

Segundo ela, o desafio é aumentar a produtividade dos sistemas. “Independentemente do problema do Brasil, o problema maior é a fome no mundo. Temos que ter mais produção, mais produtividade, e continuar abastecendo e preservando o meio ambiente”, pontuou. “Vamos ter a oportunidade de falar o que estamos fazendo, sobre a agricultura moderna e sustentável que temos e que é ignorada propositalmente ou não. Vamos levar o nosso Norte,” destacou a Ministra.

Apesar de o documento não mencionar as queimadas e desmatamentos na Amazônia, a ministra deve comentar ações tomadas pelo governo brasileiro em 2019 – como o envio de 9.000 homens do Exército para a região e estabelecimento da GLO ambiental, e as medidas que serão adotadas para enfrentar o problema no período seco deste ano. O intuito é desvincular o agronegócio do problema tratado pela Pasta no âmbito da regularização fundiária.

No documento, o Ministério da Agricultura argumentou que, ao colocar sob o guarda-chuva da Pasta instituições como o Incra e o Serviço Florestal Brasileiro, “o governo brasileiro ampliou a importância da sustentabilidade na agropecuária”. A incorporação dessas instituições, no entanto, sempre foi alvo de críticas de ambientalistas, por submetê-las à influência dos ruralistas.

Valor

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