O aprimoramento do zoneamento agrícola é fundamental para o avanço da cobertura do seguro rural no Brasil. A avaliação é do gerente comercial nacional de seguros agropecuários da Sancor, Everton Todescatto. “A modernização de um sistema, do qual o Brasil é um dos pioneiros, fará com que as seguradoras consigam contratar mais seguros e mais culturas sejam incorporadas”, disse o executivo.
Atualmente, o zoneamento está baseado no risco climático. Pela metodologia desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), são analisados dados sobre o clima, solo e ciclos de desenvolvimento das plantas. A partir dessas informações, são definidos os locais recomendados para o plantio de cada cultura e a janela ideal.
O sistema foi utilizado pela primeira vez em 1996. Segundo o Ministério da Agricultura, abrange 40 culturas agrícolas de ciclo anual e perene em 25 Estados. Seguir o zoneamento é condição para ter acesso a programas como Proagro e à subvenção do prêmio do seguro rural. Em alguns casos, tem sido usado como condição até para acesso ao crédito rural.
“O zoneamento agrícola do Brasil já é um dos mais modernos. É uma orientação ao produtor. Ele tem a informação da janela de risco. E como avançamos bastante, é hora de aprimorar o programa”, defendeu Todescatto.
Zoneamento por sistemas
A afirmação do executivo da seguradora vai ao encontro da avaliação do governo, que vem falando sobre mudanças no seguro rural para elevar o valor da subvenção, baixar o custo das apólices e massificar o acesso.
Segundo o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Eduardo Sampaio Marques, a ideia é ter um zoneamento por sistemas de produção.
A visão do ministério é de que a produção está mais complexa e os riscos, diferentes. O secretário defende que o zoneamento vá além do clima e agregue práticas de mitigação de riscos às lavouras adotadas pelos produtores: se fazem perfil de solo, por exemplo; ou que rotação de cultura costumam fazer.
“Há sistemas desenvolvidos para serem mais resilientes ao clima, como, por exemplo, o perfil de solo, que faz as plantas aprofundarem raiz e sofrer menos o efeito de uma seca. E a soja plantada depois de milho, e a soja plantada depois de capim, a soja plantada em um sistema mais moderno, de boas práticas?”, disse Marques à Globo Rural, na quinta-feira (29/3), em São Paulo (SP), durante a apresentação dos resultados do Rally da Safra, expedição realizada pela consultoria Agroconsult.
Everton Todescatto, da Sancor, lembrou que, em diversas regiões do Brasil, a agricultura é a principal fonte de riquezas, o que reforça a importância de ampliar o acesso a meios de gerenciamento de riscos, como o seguro.
“O ponto fundamental é a proteção do agricultor. E há municípios em que a principal fonte da economia é a agricultura. Portanto, proteger a agricultura acaba protegendo a própria economia desses lugares”, disse.
Globo Rural