Mourão: Brasil quer ampliar comércio com a China para além do agronegócio

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, garantiu nesta quinta-feira que o governo Jair Bolsonaro tem a intenção de ampliar as relações comerciais com a China, expandindo os negócios para além do agro.

O discurso vai na contramão do que defende a chamada ala ideológica do governo, que prega inclusive o veto da chinesa Huawei no leilão de 5G.

Em discurso na abertura de um seminário do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), Mourão alertou para a necessidade de o Brasil acompanhar a reconfiguração de cadeias produtivas e de consumo, que ampliam a participação do comércio eletrônico.

“São mudanças que foram aceleradas em função do isolamento social imposto pela pandemia”, disse o vice-presidente.

“Oportunidade e estratégia andam juntas na nossa relação com a China”, assegurou Mourão. “A China é nossa maior parceira em uma década. A importação de produtos brasileiros (pela China) baterá recorde em 2020.”

Sem citar projetos específicos e divergências internas, Mourão defendeu que “o governo brasileiro precisa caminhar junto com o governo chinês de forma objetiva”. “Precisamos olhar para o futuro, encontrar meios de ampliar e diversificar as relações existentes, criando oportunidades para outros setores da economia e sociedade”, disse.

Estratégia

No evento, foi apresentado o estudo “Bases para uma estratégia de longo prazo do Brasil para a China”. Como o Valor antecipou, o trabalho, de autoria da diplomata e economista Tatiana Rosito, ex-secretária executiva da Câmara de Comércio Exterior (Camex), aponta que mudanças na política chinesa e no cenário internacional demandam medidas para que se efetivem a diversificação e a agregação de valor das exportações.

No campo dos investimentos, é necessário aproveitar oportunidades dadas pela complementaridade entre os dois países. Acordos comerciais, redesenho do Fundo Brasil-China e institucionalização de mecanismos permanentes para criação de estratégias nas relações com o país asiático, sob coordenação do governo federal, estão entre as ações que podem contribuir para isso.

O documento também aponta, no horizonte de curto prazo, para as expectativas em relação ao leilão do 5G, previsto para o primeiro semestre de 2021. A decisão, indica o texto, constituirá um marco importante para o posicionamento brasileiro em relação ao binômio economia-segurança e à própria rivalidade estratégica China-EUA.

 

Fonte: Valor Econômico

Equipe SNA

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