Os moinhos brasileiros processaram 12,17 milhões de toneladas de trigo no ano passado, volume 3,4% superior ao do ano anterior (11,77 milhões), informou a Associação Brasileira da Indústria de Trigo (Abitrigo).
Desse total, 3,71 milhões de toneladas foram moídas por indústrias do Norte e do Nordeste do país, que representaram 30,5% do total. O Paraná, sozinho, respondeu por 28,5% do processamento, com 3,47 milhões de toneladas. Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com 2,17 milhões, além de São Paulo 1,65 milhão, vieram em seguida (ver infográfico abaixo).
“Esse crescimento não parece expressivo, mas, levando-se em consideração que o crescimento da economia foi de 1,1% no ano passado, pode ser considerado um bom desempenho”, disse o embaixador Rubens Barbosa, presidente da Abitrigo, em encontro com jornalistas.
Pela primeira vez, a entidade calculou a extração de farinha a partir da moagem, que na média nacional ficou em 75,9%. A região abrangida por Centro-Oeste/Minas Gerais/Rio de Janeiro/Espírito Santo registrou o melhor resultado nessa frente, com percentual de 77,6%.
No Norte e Nordeste, foram 77%; no Paraná, 76,4%; em São Paulo, 76,3% e em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, 74,9%. Para chegar a esses resultados, a Abitrigo pesquisou 160 unidades industriais, associadas ou não.
Do total da moagem, 56% foi destinado para panificação, 26% para massas e biscoitos, 11% ao varejo e 7% para outros produtos, como ração. Do total processado no ano passado, 6,8 milhões de toneladas foram importadas, em especial da Argentina, de onde foi comprado cerca de 85% do total.
Segundo Barbosa, a moagem deverá crescer em 2019, pelo menos 2%. Mas o aumento poderá ser maior se a reforma da Previdência for aprovada. “Nesse caso, os empresários devem se animar e a demanda deve crescer”, disse o embaixador.
Ele voltou a afirmar que vê com bons olhos a criação de uma cota de importação de 750 mil toneladas sem impostos para países de fora do Mercosul, anunciada durante a recente visita do presidente Jair Bolsonaro ao colega americano Donald Trump.
“Quem quiser importar, que importe, quem quiser plantar que plante. Assim o mercado vai crescer”, declarou. Segundo ele, a produção brasileira do cereal permanece estagnada há muitos anos, mesmo com as políticas de subsídio do Estado. “Com o Paulo Guedes (ministro da economia), vamos ver o mercado diferente”.
Para apoiar o setor, Barbosa voltou a destacar a necessidade de o país adotar uma Política Nacional do Trigo (PNT), já apresentada pela Abitrigo a Bolsonaro. Concluída no segundo semestre de 2018, o plano propõe iniciativas para tornar o país mais competitivo no comércio do cereal e derivados, entre elas, a revisão de incentivos fiscais e isonomia tributária em toda a cadeia produtiva.
O projeto também sugere a regionalização e a especialização da produção de trigo, nos moldes do que acontece nos EUA. “Lá, cada Estado é especialista em uma variedade. Podemos incentivar esse tipo de coisa”, afirmou Barbosa.
Valor Econômico