O novo ministro da Agricultura, Blairo Maggi, corre contra o tempo para agilizar a venda de 660.000 toneladas de milho dos estoques da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ainda nas próximas semanas, segundo uma fonte do governo.
A alta do cereal, principal insumo da ração de aves e suínos, vem afetando as margens das indústrias do setor no país desde o ano passado e levou empresas do País, como JBS e BRF, a recorrerem à importação de milho.
De perfil pragmático, o novo ministro, que defende a garantia de renda aos produtores, já tem em mãos uma minuta de decreto para revogar o Conselho Interministerial de Estoques Públicos de Alimentos (CIEP), órgão formado por quatro ministérios, responsável pela aprovação das operações de compra e venda de produtos agropecuários pela Conab. O conselho é considerado burocrático e moroso por técnicos do governo e pelo próprio Maggi. A medida teria como objetivo acelerar esses leilões de venda de milho.
Enquanto não consegue desburocratizar ou mesmo extinguir o conselho, Blairo Maggi pretende publicar em breve uma nova resolução do CIEP, autorizando a comercialização de um volume inicial de 160.000 toneladas do cereal estocado pela Conab.
Essa medida seria mais rápida, pois a venda desse volume já foi aprovada pela câmara técnica do conselho em março último, mas ainda depende da assinatura dos ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, da Casa Civil, Eliseu Padilha, e do Desenvolvimento Agrário e Social, Osmar Terra.
Posteriormente, o Ministério da Agricultura pretende vender mais 500.000 toneladas, com o intuito de conter a alta do cereal, que já subiu cerca de 40% este ano, segundo o Indicador ESALQ/BM&F Bovespa.
Ao todo, os estoques de milho mantidos nos armazéns da Conab espalhados pelo País somam mais de 902.300 toneladas, segundo levantamento da própria autarquia. Contudo, a maior quantidade se concentra em Sorriso (MT), e a operação logística para o escoamento desse produto até o Sul do país leva tempo.
Marcelo Lopes, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), afirmou que os “elevadíssimos” preços do milho não cedem e vêm tornando incertas as operações de empresas em alguns municípios do Sul, onde a saca de 60 quilos do cereal está cotada em R$ 60,00.
“Já estivemos com o ministro e pedimos para que agilize esses leilões da Conab, mesmo porque as últimas medidas anunciadas pelo governo para aliviar nosso mercado ainda não estão funcionando”, disse. Ele se referia à retirada do imposto de importação do milho pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) em operações nos próximos seis meses e à ampliação do limite de financiamento por produtor de uma linha para retenção de suínos, que dobrou para R$ 2.4 milhões.
Fonte: Valor Econômico