Ministra da Agricultura vê ‘exagero’ em vinculação de acordo a queimadas

A Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou ontem, em um evento em São Paulo, que houve exagero de alguns países em considerar que as queimadas da Amazônia são uma ameaça ao acordo comercial entre União Europeia e Mercosul.

“Foi tão exagerada a reação da França e da Irlanda que outros presidentes no G-7 deram declarações contrárias (no fim de semana) à ideia de barrar o acordo”, disse a ministra em encontro com jornalistas após reunião com o Ministro da Agricultura do Japão, Takamori Yoshika.

Para Tereza Cristina, as críticas do mandatário francês, Emmanuel Macron, ao presidente Jair Bolsonaro e seu governo, em meio à crise gerada pelos incêndios, foram oportunistas.

“Foram declarações oportunistas. Isso prejudica a imagem do Brasil”, afirmou a ministra. “Mas o bom senso prevaleceu e, na reunião do G-7, tivemos apoio de sete países. Dissemos que uma coisa é uma coisa (incêndios), e outra coisa é outra coisa (acordo UE-Mercosul).”

“Nossas relações comerciais com a Europa, depois do acordo (entre UE e Mercosul), deixaram alguns países preocupados por causa da pujança do nosso agronegócio e pelo mercado que podemos tirar. Principalmente da Irlanda, sentimos preocupações com a carne”, prosseguiu Tereza Cristina.

“E não é de hoje que produtores da França se insurgem contra produtos brasileiros, querendo denegrir nossa imagem. Mas, graças a Deus, o bom senso prevalece”.

A ministra afirmou, também, que o agronegócio brasileiro não está livre de embargos, mas que seria casuísmo de outras nações adotarem barreiras e relacioná-las às queimadas. “Não é a primeira vez que vemos queimadas nesta época do ano. Estamos acompanhando e vamos tomar ações pertinentes”, disse.

Em resposta à reportagem publicada na semana passada no site da revista Globo Rural sobre a ação de grileiros, produtores rurais e comerciantes para colocar fogo às margens de uma estrada federal em Altamira (PA), a ministra da Agricultura disse que “quem fez mal feito tem de pagar”, seja produtor ou qualquer outra pessoa. A iniciativa ficou conhecida como “o dia do fogo”.

Como já foi divulgado, a ministra lembrou que o Ministério Público do Pará já está apurando as supostas ações criminosas.

O site da Globo Rural voltou a publicar ontem informações sobre “o dia do fogo”. Segundo a reportagem, em 10 de agosto, o grupo que organizou o “dia do fogo” contratou motociclistas para circular distritos localizados às margens da BR-163 (que liga Cuiabá ao sul do Pará) ateando fogo no capim seco dos acostamentos.

Como é época de seca, o fogo se alastrou rapidamente. As chamas chegaram a interromper o tráfego da rodovia em vários trechos.

 

Valor Econômico

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