No último dia de sua viagem ao Oriente Médio, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, apresentou, nos Emirados Árabes, oportunidades de investimentos na infraestrutura para solucionar gargalos enfrentados pelo agronegócio. Durante reuniões em Abu Dhabi, foram detalhados empreendimentos previstos no Programa de Parcerias de Investimento (PPI).
Entre projetos apresentados estão a Ferrogrão e a Ferrovia de Integração Oeste-Leste, corredores ferroviários que serão importantes para o escoamento da produção de grãos e transporte até os portos. Em março, o Brasil e os Emirados Árabes assinaram um acordo com o objetivo de estimular, simplificar e apoiar investimentos bilaterais.
Em Dubai, também nos Emirados, a ministra participou de um seminário na Câmara de Comércio Árabe-Brasileira e destacou as oportunidades de comércio e de investimentos no Brasil. Segundo ela, a retomada do crescimento brasileiro depende de recursos externos a serem aplicados em vários setores da economia, especialmente no agronegócio.
A ministra destacou que há enorme espaço para Brasil e Emirados Árabes trabalharem em conjunto, em uma relação benéfica para os dois países. “Existem oportunidades ao longo de toda a cadeia produtiva do agro: insumos, maquinário, produção, processamento, estocagem, distribuição, transporte, pesquisa, tecnologia e inovação”, destacou Tereza Cristina.
Ela também citou projetos de infraestrutura que podem receber investimentos externos, como ferrovias e rodovias, além de oportunidades de investimentos em setores produtivos como produtos florestais, lácteos, aquicultura e horticultura.
“É com esse objetivo de ampliar a presença brasileira no mercado global e apresentar oportunidades de investimentos para parceiros estratégicos que tenho intensificado minha agenda internacional. A nossa ambição é continuar a divulgar a imagem internacional da agricultura brasileira, de forma a apresentá-la a parceiros exatamente como ela é: inovadora, dinâmica, responsável, lucrativa e sustentável”, concluiu a ministra, lembrando que o potencial de comércio e investimentos entre Brasil e Emirados Árabes é enorme e precisa ser aprofundado.
Pesquisas para dessalinização de água em Dubai
A ministra ressaltou ainda o status sanitário da agricultura brasileira, que segundo ela, nunca registrou casos de influenza aviária e está avançando na erradicação da febre aftosa, além de ser classificado como de risco insignificante para a doença da vaca louca.
Ainda de acordo com a ministra, ao mesmo tempo em que busca aumentar a produtividade e qualidade da sua agropecuária, o Brasil desenvolve políticas e mecanismos para proteger o meio ambiente. “A associação internacional entre a produção de alimentos no Brasil e o desmatamento e queimadas na Amazônia são distorções que, nem de longe, correspondem à realidade. O problema na Amazônia existe e está sendo tratado com a seriedade que merece, como pude comprovar em recente visita à região”, afirmou a ministra.
Ainda em Dubai, a diretora geral do International Center for Biosaline Agriculture, Ismahane Elouafi, conversou com a ministra sobre a possibilidade de parcerias com a Embrapa na pesquisa sobre dessalinização da água. A ministra disse que esse assunto é importantíssimo para o Nordeste brasileiro.
“Hoje ainda é muito caro para a agricultura, mas podemos achar um caminho juntos para que possamos usar essa água dessalinizada mais barata. Assim, o Nordeste pode também ser um grande produtor de alimentos no nosso país”, disse Tereza Cristina. Nos Emirados Árabes, grande parte da água usada na agricultura vem da dessalinização da água do mar.
Entre a última quinta-feira (19) e esta segunda (23), a missão brasileira liderada pela ministra passou por quatro países: Egito, Arábia Saudita, Kuwait e os Emirados Árabes Unidos. Nesse período, a ministra reuniu-se com autoridades de governo e empresários. Foram anunciadas novas importações de produtos brasileiros, como lácteos, frutas, mel e castanhas.
Em 2018, as exportações agropecuárias do Brasil para 55 países árabes somaram US$ 16,13 bilhões, o que representa 19% do total das vendas externas do agronegócio brasileiro.