O Ministério da Agricultura fixou uma meta para reabilitar os frigoríficos de carne de frango e fábricas de pescados que estão embargados pela União Europeia desde o ano passado por questões sanitárias. A intenção é reabrir o mercado europeu este ano.
No fim de 2018, o então ministro da Agricultura, Blairo Maggi, já havia feito uma indicação positiva sobre as negociações com os europeus. Em dezembro, o bloco anunciou que visitará o Brasil para fazer auditorias em frigoríficos, provavelmente no primeiro semestre. A data exata ainda não foi marcada.
“Nosso sistema de defesa é respeitado lá fora. Esses desgastes com a União Europeia foram muito mais influenciados pela conjuntura política e não por questões técnicas. E existe sim a possibilidade de reabertura já neste ano”, disse ao Valor o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, José Guilherme Leal.
Segundo o secretário, a Pasta respondeu a todos os questionamentos sanitários feitos pela União Europeia. Por outro lado, o bloco ainda quer algumas garantias sanitárias antes de enviar técnicos para checar in loco se as unidades de carne de frango e pescado atendem às exigências. “Estamos cumprindo rigorosamente o calendário de informações da União Europeia”, disse Leal.
O veto europeu a 20 frigoríficos de carne de frango é uma decorrência direta da Operação Trapaça, investigação da Polícia Federal deflagrada em março do último ano para apurar um esquema de fraudes envolvendo a BRF e laboratórios na análise da bactéria salmonela em lotes de carne de frango. Em reação, os europeus vetaram todas as unidades da BRF que podiam vender ao bloco.
Em reunião nos últimos dias, representantes da indústria de carne frango reforçaram a ministra Tereza Cristina a necessidade de retomar as vendas à União Europeia em 2019. Na ocasião, um convite para que a ministra vá a Bruxelas em março foi entregue.
“Esperamos que a União Europeia reabra seu mercado para parte das empresas ainda no primeiro semestre. Todas as empresas estão fazendo o dever de casa e já temos a sinalização de que eles vão voltar a importar”, disse o presidente-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra.
No ano passado, as restrições europeias tiveram impacto significativo nas exportações brasileiras. Ainda que nem todos tenham sido proibidos de exportar, não era possível ocupar o espaço aberto pela BRF, maior exportadora do país. Conforme dados da ABPA, o Brasil deixou de exportar em torno de 60.000 toneladas para os europeus em 2018. Esse volume representa 35% do que o país exportou para o bloco no período.
Além do setor avícola, há grande expectativa por parte da indústria brasileira de pescados para que ao menos 15 empresas possam voltar a exportar. No ano passado, Bruxelas proibiu as compras de pescados de todas as 64 plantas do Brasil habilitadas até então a vender para o bloco.
“Se tudo der certo, voltamos a exportar no segundo semestre. Mas sabemos que virá uma nova lista de empresas e os europeus devem habilitar planta por planta”, disse Christiano Lobo, diretor da Abipesca, entidade que representa a indústria pesqueira. A sinalização, portanto, é que a abertura aos pescados deve ser limitada.
Valor