O aumento da presença do minimilho nas prateleiras dos supermercados, nos restaurantes e nas casas especializadas na comercialização de produtos em conservas, como rotisseries, representa uma boa opção para o produtor, especialmente para o pequeno, que utiliza mão de obra familiar. “Nesse caso, o produtor normalmente cultiva e produz o minimilho, envasa, seguindo todos os passos do processo de conservação, e coloca no mercado um produto de forma artesanal, porém saudável e segura”, afirma Israel Alexandre Pereira Filho, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, que desenvolve pesquisas sobre a cultura.
Segundo o pesquisador, o minimilho também representa uma alternativa de renda para produtores de médio e grande porte que têm mais condição de atender às indústrias de conservas alimentícias, como infraestrutura que demanda mais recursos, como sistema de irrigação, transporte e armazenamento em condições ideais de temperatura, cerca de 7 a 10 °C, até chegar à indústria.
Para se ter uma ideia do potencial do minimilho, o pesquisador compara o seu rendimento com uma lavoura de milho grão. “O cultivo do grão, com produtividade de 10 toneladas por hectare e colheita de 167 sacos a R$ 25,00 cada, rende R$ 4.175 por hectare. Já uma lavoura de minimilho comercial, com colheita de 1.500 quilos/ha de a R$ 5,50 o quilo, resulta em R$ 7.000 por hectare”, calcula. “Fica claro que o cultivo de minimilho é rentável para o produtor que quiser diversificar na sua propriedade.”
De acordo com o pesquisador, a tecnologia Embrapa no processo produtivo do minimilho nacional contribuiu para redução do preço do produto final nos supermercados, uma vez que todo minimilho envasado pelas indústrias de conservas alimentícias dez anos atrás era importado da Tailândia.
O cultivo do minimilho não tem época definida, depende da demanda do produto pelo mercado constituído principalmente pela indústria de conservas alimentícias, ou do consumo in natura. Nas regiões tropicais, pode ser cultivado o ano todo, desde que haja irrigação no período de deficiência hídrica. Segundo o pesquisador, nas áreas mais frias, no período de inverno, a produção pode cair muito e o ciclo se prolongar demais, o que prejudicará o fornecimento.
O minimilho pode ser cultivado no sistema convencional e em plantio direto, utilizando cultivares de milho normal, de milho pipoca ou de milho doce, tanto variedades como híbridos. O manejo diferencia-se do cultivo para grão, principalmente quanto à densidade de semeadura, que pode ser pelo menos três vezes maior, dependendo da cultivar. “Recomenda-se, para as cultivares disponíveis no mercado brasileiro, densidade de semeadura ao redor de 180.000 plantas por hectare, ou seja, no espaçamento de 80 cm, deve-se semear entre 15 e 17 sementes por metro linear, o que facilita a movimentação para operação de colheita, normalmente feita manualmente”, ensina.
De acordo com Pereira Filho, nos meses de verão, colhe-se o minimilho com até 45 dias, em função da precocidade da cultivar utilizada. No inverno, mesmo com cultivares precoces, a colheita se prolonga, estendendo-se até 70 dias. “Para realizar um escalonamento de plantio, devem ser levados em conta os fatores inverno e verão e a cultivar a ser utilizada”, recomenda.
O ponto ideal de colheita da espigueta é dois dias após o aparecimento dos cabelos iniciais, com cuidado para não quebrar a planta, pois esta ainda vai produzir mais duas ou três espiguetas. “Uma lavoura de minimilho pode render até três colheitas, cada uma no espaçamento de três a quatro dias. Leva-se até 12 dias para terminar a colheita. Portanto, o escalonamento de plantio para atender à indústria pode acontecer a cada 12 ou 15 dias”, orienta.
O minimilho pode ser comercializado de duas maneiras: miniprocessado em bandejas de isopor ou de plástico cobertas com papel filme ou na forma de conserva, envasado em vidros. Outras opções, conforme o pesquisador, é a venda a granel, em baldes de cerca de 10 litros, para atender à demanda de restaurantes, ou em bombonas de 200 litros, para ser envasado por atacadistas e cadeias de supermercados.
O pesquisador da Embrapa afirma que o aproveitamento comercial de minimilho gira em torno de 15% a 20%, ou seja, de 10 toneladas/ha de minimilho com palha e cabelo, aproveita-se comercialmente entre 1,5 t/ha e 2,0 t/ha. Isto ocorre porque a palha e aos cabelos representam 75% a 80 % do peso de uma espiga de minimilho. “Em termos de padrão comercial, a indústria alimentícias exige espigas de 4 cm a 10 cm de comprimento e diâmetro de 1 cm a 1,5 cm”, observa.
Por Equipe SNA/SP