A processadora de carnes Minerva, a quarta maior em vendas no Brasil entre as companhias listadas em bolsa, espera que o país retome as exportações de carne bovina in natura para os Estados Unidos no primeiro trimestre de 2018. A informação é do presidente-executivo da companhia, Fernando Galletti.
Os Estados Unidos suspenderam a importação de carne bovina in natura do Brasil em junho, após um alto percentual de carregamentos serem barrados nas verificações de segurança do USDA. O órgão disse que a suspensão permanecerá até que medidas corretivas sejam adotadas.
Falando no intervalo de uma conferência promovida pela Minerva, Galletti disse a jornalistas que sua previsão se baseia em conversas com o governo. “Essa é a expectativa que estamos ouvindo do Ministério da Agricultura”, disse ele, acrescentando que a companhia conversa com o governo por meio de uma associação de empresas processadoras de carne.
Galletti disse que a companhia está pronta para retomar o fornecimento de carne in natura aos EUA quando a suspensão for retirada. O ministério não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Desde o início do ano, produtores locais de carne enfrentam uma série de desafios, inclusive a operação Carne Fraca, que fechou temporariamente mercados para a exportação do Brasil, e um escândalo de corrupção que afetou a JBS, maior processadora de carnes do mundo.
Suspensão russa
Na semana passada, a indústria recebeu um novo golpe, quando a Rússia impôs uma suspensão temporária sobre as carnes bovina e suína do Brasil.
A proibição forçou a Minerva, que responde por 7% a 8% do comércio global de carne bovina, a abastecer a Rússia a partir de plantas fora do Brasil, disse Galletti, acrescentando que a situação continua inalterada. A Minerva está atendendo à demanda russa por meio de suas outras unidades no bloco comercial do Mercosul, que inclui Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
A América do Sul deverá tornar-se o principal centro produtor de carne bovina do mundo devido a vantagens de custo de produtores locais, segundo a Minerva, que expandiu sua presença regional fora do Brasil este ano, comprando plantas da JBS no Mercosul, em uma aquisição de US$ 300 milhões.
Galletti não quis fornecer um cronograma para a reabertura de três dos abatedouros que comprou da JBS na Argentina, mas disse que isso não afetaria a capacidade da Minerva de atingir previsões de receita líquida anual entre R$ 13 e R$ 14,4 bilhões.
As ações da Minerva caíram 3,65% até agora no ano, registrando desempenho melhor em relação aos maiores rivais, como a JBS, que caiu 30% na mesma comparação, e a BRF, que recuou 18%. Ainda assim, a Minerva está atrás da Marfrig, a terceira maior processadora de carne listada do Brasil, cujas ações subiram quase 6% esse ano até o momento.
Fonte: Reuters