O aumento da disponibilidade de milho para a venda balcão nos armazéns do Sul e Nordeste foi aprovado pela Câmara Técnica do Conselho Interministerial de Estoques Públicos de Alimentos (CIEP), no dia 30 de março. A medida, porém, não contempla pedido do setor.
A disponibilidade de milho será de 160.000 toneladas e o limite mensal por produtor será mantido em 6 toneladas por produtor ao mês. A solicitação era de 27 toneladas por mês.
A demanda era pleiteada pela ACSURS – Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul e outras entidades do setor.
Para o presidente da ACSURS e conselheiro de Relações com o Mercado da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos – ABCS, Valdecir Luis Folador, o pedido para que se amplie o volume de compra de milho para até 27 toneladas por produtor vem para que não se inviabilize a produção suinícola no Estado.
‘‘O milho que vem sendo disponibilizado via leilões não atende este público que é de pequenos e médios produtores individuais. Este milho está longe das granjas e de nosso Estado e a compra do insumo seria inviabilizada com o custo de frete. Além disso, nossos produtores iriam concorrer com grandes agroindústrias integradoras, uma concorrência desleal’’, disse o dirigente.
O Rio Grande do Sul conta com plantel de 340.000 matrizes e, destas, a produção de 80.000 matrizes são de produtores independentes e integrados que dependem de comprar no mercado o milho para fabricação da ração para alimentar seus plantéis. O milho representa cerca de 70% do custo da ração.
O coordenador geral de Grãos, Fibras e Oleaginosas do Mapa, Silvio Farnese, informou que, apesar das 160.000 toneladas do grão estarem sendo disponibilizadas para as regiões Sul e Nordeste, nada impede que produtores de outras regiões também sejam beneficiados com a medida. Além disso, a validade da venda a balcão de milho ainda depende de publicação no Diário Oficial da União.
Em conversa com representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a ABCS teve o posicionamento de que o pleito para o aumento do limite por produtor ainda está sendo levantado pelo Ministério junto à CIEP. “Tivemos um retorno do MAPA de que nosso pleito será discutido já na próxima reunião do Conselho.
A ABCS continua acompanhando o desdobramento do pedido e nossa expectativa é que o setor receba esse benefício, que é fundamental para a sobrevivência de muitos produtores”, disse o diretor executivo da ABCS, Nilo de Sá.
‘‘O milho sumiu’’
Suinocultor há 25 anos, Francisco Vezaro (56), de Paim Filho, no noroeste do Estado, mostra grande preocupação na questão do abastecimento do milho. ‘‘O milho sumiu’’, reclama. Vezaro afirma que não encontra milho para compra e quem tem para vender pede valores muito acima da tabela, com a saca girando em torno de R$ 50,00.
Produtor independente com plantel de 1.000 matrizes e granja com 16 empregados, Vezaro diz que tem milho em estoque até o final do mês de maio e que se não houver melhora da situação, não saberá o que fazer. ‘‘Trabalhar com a suinocultura era um sonho meu, porém, a situação não está boa’’, disse.
Garantia
Vice-presidente da ACSURS, o suinocultor Mauro Gobbi, de Rondinha, avalia que o aumento de 6 toneladas para 27 toneladas de milho por suinocultor ao mês seria uma garantia para o produtor.
Produtor independente, Gobbi lembra que grandes empresas como JBS e BRF estão importando milho da Argentina e Paraguai e que, após a safrinha do Paraná e Mato Grosso, a tendência é que o preço do milho baixe. ‘‘Vamos esperar que se confirme’’.
Fonte: Agrolink