Mesmo com aumento da produção de açúcar, saldo global deve continuar em déficit

Apesar das estimativas da consultoria INTL FCStone apontarem para uma maior produção mundial de açúcar na safra 2016/17, de 178.5 milhões de toneladas (2,9% acima de 2015/16), o saldo mundial ainda deve ser deficitário.

“O déficit global deve se estreitar, mas ainda assim deve atingir 7.8 milhões de toneladas, representando a terceira maior redução nos estoques dos últimos doze anos”, disse o analista João Paulo Botelho. A relação estoques/uso, por sua vez, deve cair para 34,2%, o menor nível desde 2010/11.

Em relatório especial, a consultoria afirma que a produção dos principais produtores do Leste Asiático, América Central e do Sul devem se recuperar. Além disso, a produção da União Europeia também deve crescer significativamente em relação à safra passada devido ao aumento da área plantada e à melhora nas condições climáticas.

“As únicas exceções para esta forte recuperação são a Índia e o Centro-Sul do Brasil, exatamente os dois maiores produtores do mundo. Para a próxima safra indiana, estimamos nova queda na produção total de açúcar como resultado da redução na área plantada nos estados de Maharashtra e Karnataka devido às monções fracas em 2015”, disse Botelho.

Para o Centro-Sul do Brasil, é esperado aumento marginal da produção açucareira no próximo ciclo, uma vez que a maioria das usinas já está elevando o mix açucareiro para o maior patamar tecnicamente viável neste ano, como resultado do elevado diferencial de remuneração oferecido pelo açúcar em comparação com o etanol.

Como não são esperados investimentos volumosos em aumento da capacidade produtiva de açúcar ou mesmo da área plantada com cana devido à situação financeira delicada do setor, é improvável que a produção aumente significativamente em 2017.

No que se refere à demanda, a perspectiva para o ciclo 2016/17 é de que a desaceleração econômica na China continue afetando o crescimento dos países emergentes, mas não há expectativa de piora acentuada na economia de nenhum importante consumidor de açúcar, o que leva a INTL FCStone a estimar a demanda global em 186.3 milhões de toneladas, mantendo a taxa de crescimento de 1,9%, ainda abaixo da média dos últimos cinco anos.

2015/16

 

Mesmo com aumento da produção no Centro-Sul, efeitos do El Niño aprofundam déficit da safra global 2015/16. A INTL FCStone espera que a produção de açúcar no período de outubro/15 a setembro/16 deve alcançar 34.9 milhões de toneladas (tel quel) no Centro-Sul brasileiro, um aumento de 15,3% em relação a 2014/15. Apesar do incremento, importantes players tiveram suas estimativas reduzidas.

Na Índia, onde a falta de chuvas durante as monções levou a fim de safra precoce nos três principais estados canavieiros e a seca se estendeu ao longo do período da colheita, alguns canaviais nem foram colhidos. Com isso, a estimativa de produção foi reduzida para 25.1 milhões de toneladas (valor branco), 11,3% abaixo da safra passada.

Já para a Tailândia, os números finais de safra mostraram redução em 11,2% no processamento de cana e de 2,5% na taxa de recuperação de açúcar, que foi impactada pelas chuvas durante a colheita. Em suma, a safra encerrou dois meses antes do esperado e com produção de pouco mais de 10 milhões de toneladas, 13,4% abaixo de 2014/15.

Com isso, a produção total de açúcar deve ficar em 173.5 milhões de toneladas, representando uma redução de 1,2% perante nossa última estimativa e de 4,8% em relação a 2014/15. Com a demanda agora estimada em 182.8 milhões de toneladas, o déficit de açúcar na safra global 2015/16 deve totalizar 9.3 milhões de toneladas.

Saldo global de açúcar por safra (Outubro-Setembro)

Fonte: INTL FCStone

 

Fonte: INTL FCStone

 

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