Linhas Gerais
Os países que compõem o Mercosul, atualmente presidido pelo Brasil, em caráter rotativo, fecharam um acordo entre o bloco e Singapura. Após anos de negociações, as partes chegaram a um consenso sobre a parceria – a primeira com um país asiático – que permitirá maior fluxo comercial, compartilhamento de tecnologias e ampliação de investimentos. O esforço conjunto envolveu centenas de diplomatas e negociadores, em diversos grupos técnicos.
O anúncio formal, bem como a assinatura, acontece na reunião de cúpula do Mercosul, que começou nessa segunda-feira, 04 de dezembro, no Rio de Janeiro. Carnes suína e bovina estão entre os principais produtos de exportação do bloco, tendo o Brasil como expoente. Produtos avícolas também se destacam na lista. Já Singapura exporta inseticidas, circuitos integrados, medicamentos e embarcações.
Repercussão para o Agro
Nesse sentido, a agropecuária nacional se beneficia, pois é pujante na produção de proteína animal, vertente que se reveste de singular importância pois costuma ser objeto de requisitos sanitários rígidos. Como o Brasil já faz negócios com compradores bastante exigentes, inclusive na Ásia, possui credenciais e confiança para novas parcerias como essa, que podem abrir ainda mais mercados.
Representantes do governo de Singapura estiveram reunidos com seus colegas brasileiros em pelo menos duas ocasiões durante o ano, pavimentando a conclusão das tratativas, que vinham desde a gestão federal anterior. Singapura é um dos maiores investidores financeiros no Brasil por meio de fundos soberanos, sobretudo em saneamento e infraestrutura.
Só em 2021 o intercâmbio comercial entre o bloco e o país do sudeste asiático beirou os 7 bilhões de dólares. Há uma expectativa sobre o corte final do percentual da TEC (Tarifa Externa Comum, taxa de importação de produtos provenientes de fora do bloco).
Ampliando horizontes
Essa etapa traz benefícios, como se vê, para outros setores além do agro, mas sobretudo amplia um canal de diálogo entre as empresas do bloco e de Singapura, conhecida pela segurança jurídica de seu ambiente de negócios e liberdade de negociação entre as partes. Ademais, representa uma vitória da diplomacia brasileira, na esteira do iminente acordo entre Mercosul e União Europeia, antes que o Brasil deixe a presidência do grupo, justamente na reunião de cúpula.
Como a SNA adiantou recentemente, o gabinete de transição de Javier Milei, presidente eleito da Argentina, já suavizou a retórica e seus emissários sinalizaram que o país possui interesse de ratificar a parceria com os europeus. Por fim, o Senado Federal aprovou a entrada da Bolívia no grupo, a ser efetivada após aceite da presidência brasileira, uma vez que os outros países já concordaram.
A SNA seguirá acompanhando os desdobramentos desse e demais acordos que influenciam os rumos da agropecuária nacional e seus parceiros mundo afora.