Mercado voluntário de carbono oferece oportunidades no Brasil

Palestrantes, RISE 2022
Natascha Trennepohl, especialista em compliance ambiental e mercado de carbono.

O Brasil está passando por uma fase de ‘boom’ do mercado de carbono, com várias oportunidades no chamado mercado voluntário, onde as empresas compram créditos para compensar suas emissões, mas sem depender de obrigações legais. A afirmação é de Natascha Trennepohl, especialista em compliance ambiental e mercado de carbono.

Ao participar do RISE 2022, evento organizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), Natascha salientou que, diferentemente do mercado voluntário praticado no País, há também o mercado regulado, que envolve a atuação de uma autoridade para determinar a necessidade de redução de emissões em determinado setor  e estipular suas metas.

“Neste caso há um regulamento, mas o Brasil ainda não chegou nessa fase”, explicou a especialista. “Temos apenas o início de um arcabouço regulatório do mercado de carbono”.

Segundo Natascha, a política climática de um país pode indicar os setores da economia onde há maior emissão de CO2. Nesse contexto, afirmou a palestrante, é preciso fazer um balanço entre custo e setor de importância. “Áreas mais propícias ao desenvolvimento de projetos para a geração de crédito de carbono têm custo mais baixo”.

Medidas e padrões

No mercado voluntário, a especialista afirmou que as empresas realizam um levantamento para identificar as medidas práticas mais apropriadas visando à redução de emissões e posteriormente investem na compra de créditos. Outra meta é a adoção de padrões ESG (ambientais, sociais e de governança), que acabam por atingir toda a cadeia empresarial.

“Grandes empresas, por exemplo, passam a exigir de seus fornecedores a adoção de práticas que compensem ou reduzam emissões”, destacou a especialista, lembrando que o mercado de carbono não envolve somente grandes corporações, mas também pessoas físicas. “Essa participação está sendo cada vez mais incentivada”, disse.

Novas metodologias

No campo das oportunidades, o mercado voluntário, segundo Natascha, favorece o desenvolvimento tecnológico e novas metodologias, incluindo, entre outras etapas, os processos de certificação.

“Os projetos de geração de crédito passam por estudos de viabilidade técnica, onde ocorre seu enquadramento em determinada metodologia, além de análises de viabilidade financeira e jurídica. Em uma segunda etapa, ocorre o registro do projeto junto a certificadoras, mediante auditoria e monitoramento”, ressaltou a palestrante.

Ela disse ainda que, atualmente, “o Brasil está buscando uma nacionalização de metodologias para a certificação de projetos”, e que a atual “avalanche de novos registros e solicitações têm causado uma lentidão nos processos de certificação”.

Ainda segundo Natascha, “é preciso também estar atento às novas regulações e exigências de mercado”. Segundo ela, a regulação deve ocorrer de forma que não represente um entrave para o mercado e que possa garantir segurança ao setor.

Equipe SNA
Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp