A alta do dólar ontem foi muito maior do que as quedas dos contratos futuros da soja na Bolsa de Chicago. Assim, as principais praças de comercialização registraram altas de 1,92% a 7,96%. Nos portos do Brasil, altas de 2,16% a 4,9%.
Em Mato Grosso, em algumas praças, como Rondonópolis, Primavera do Leste, Alto Garças e Itiquira, a saca recuperou os R$ 60,00. Em Castro, no Paraná, a saca foi cotada a R$ 70,00 e em Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, a R$ 63,50.
No terminal de Paranaguá, a saca no mercado disponível foi cotada a R$ 72,00; em Rio Grande a R$ 71,80 e em Santos a R$ 71,00. Já a saca para embarque em junho/2018 no terminal gaúcho foi cotada a R$ 75,00, e no paranaense a saca para embarque em março/2018 registrou R$ 72,00.
“Os produtores de Mato Grosso estão vendendo, tirando vantagem do aumento do preço. Alguns estão conseguindo R$ 3,00 a R$ 4,00 a mais por saca hoje. Eu ouvi negócios a R$ 59,00 e R$ 60,00 por saca”, disse à Reuters o presidente da associação de produtores Aprosoja, Endrigo Dalcin, do estado que responde por quase 30% da safra da oleaginosa do Brasil.
O professor da Esalq/USP e pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Lucílio Alves, disse que foi um ano de vendas antecipadas menores, por conta da safra recorde, uma vez que os produtores têm em mente as cotações mais altas do ano passado e resistem em realizar negócios a valores mais baixos.
“Ele vai segurando o máximo possível. Com as altas, o mercado começa a mudar de ânimo, começam a aparecer vendedores, mas nada exagerado. E de forma geral o mercado é mais comprador do que vendedor nas últimas semanas… E essa reação que ocorre no câmbio muda o cenário do novo. Isso respalda na paridade de exportação, eleva os valores…”, disse. O pesquisador citou que o mercado ficou praticamente parado, segundo agentes consultados anteriormente pelo Cepea, com os participantes avaliando as condições.
“Acho que os eventos de ontem e de hoje complicaram a história, e o mercado vai ficar parado para ver o que acontece na semana que vem”, disse Alves, acrescentando que a crise política tende a elevar os preços em reais pelo câmbio, favorecendo os produtores, mas também pode gerar pressões inflacionárias.
Milho – mercado físico
Enquanto o dólar registrou variação positiva de até 9% pouco antes do almoço, analistas e operadores como Marlos Correa, da Insoy Commodities; Camilo Motter, da Granoeste, e Maurillo Larios, da Ouro Investimentos, até notaram tentativas de negócios com compradores impondo um sobre preço de 2%, no oeste do Paraná, e a 1,7% em algumas regiões do Mato Grosso, mas foi aí que os compradores ficaram de fora para valer.
Resultado: os negócios ficaram mais travados do que vinham, e até algumas quedas foram observadas, jogando ainda mais para baixo o milho disponível, como em Sorriso, para R$ 12,00, em queda de 4%.
Fonte: Notícias Agrícolas