As questões ambientais, cada vez mais frequentes, e o estímulo governamental fizeram a procura por seguro rural triplicar no Brasil nos últimos cinco anos, de acordo com dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). O índice de transações é puxado, por ordem de segurados, pelos estados do Rio Grande do Sul (19,10%), Paraná (17,70%), São Paulo (15,70%), Goiás (9,30%) e Mato Grosso do Sul (8,70%). Apesar do aumento significativo, o volume ainda é pouco expressivo – apenas 15% da área plantada do País está segurada-, se comparado com outros importantes países de produção agrícola como Estados Unidos, onde 90% da área cultivada é segurada, e China, com 65% da produção segurada.
Entre janeiro e novembro de 2022, a arrecadação do seguro rural atingiu R$ 12.6 bilhões, registrando um aumento de 40% em relação a 2021. Em 2018, no mesmo período, o setor havia arrecadado R$ 4.28 bilhões. O mercado avalia que o aumento da subvenção governamental ao prêmio do seguro rural ao longo dos últimos anos favoreceu a contratação por parte dos produtores.
“É evidente que a subvenção é o alicerce do mercado de seguros, e uma maior procura dos segurados faz também com que a subvenção venha a diluir o custo financeiro deles, seja subvenção federal, concedida por meio do governo federal, e até subvenções estaduais”, disse o Vice-Presidente da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais, Daniel Nascimento.
Em 2018, foram ofertados pelo governo em subsídios cerca de R$ 370 milhões. Em 2021, R$ 1.15 bilhão e, em 2022, o governo federal concedeu pouco mais de R$ 1 bilhão, quando, segundo Nascimento, a demanda no mercado pela subvenção girava em torno de R$ 1.7 bilhão.
As alterações climáticas recentes e o impacto delas nas lavouras – de milho, soja e café por falta de chuvas ou excesso de geadas -, se por um lado reforçaram a busca pelo seguro, por outro, ampliaram como nunca as indenizações. Em 2022, atingiram o patamar de R$ 10.3 bilhões, valor inédito no Brasil, caracterizando um aumento de 78,60% em relação a 2021. Em 2018, quando o número de segurados era bem menor, o montante de indenizações não chegou a 1/5 de 2022, com 1,95 bilhão de reais.
Com a possibilidade das quebras de safra, a Brasilseg, líder em seguros do agronegócio que detém cerca de 60% do mercado no País, planeja dividir o risco de suas apólices com mais resseguradoras, de acordo com o presidente da empresa, Rogério Idino. Segundo o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, o seguro rural é fundamental para a agricultura no País e está acessível aos produtores que seguem as boas práticas de manejo, como zoneamento agrícola, além da adequada correção de solo, adubação e controles fitossanitários. O atual ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o seguro rural será uma das prioridades de sua gestão, enquanto a federação das seguradoras disse que está atenta às iniciativas governamentais, inclusive nos estados, para manter o crescimento da demanda do setor.