Mecanização da colheita de cana em SP contará com novo Protocolo Agroambiental

Promovido pela Unica, Ethanol Summit 2017 reuniu representantes do setor sucroenergético, em São Paulo. Foto: Divulgação

Encarar e superar os desafios da mecanização da colheita canavieira no Estado de São Paulo, que incluem o manejo do solo, o controle de pragas e a consolidação de melhores práticas ambientais e de produção da cana-de-açúcar são as principais metas da segunda fase do Protocolo Agroambiental do Setor Sucroenergético. O documento foi assinado na abertura do Ethanol Summit 2017, encontro promovido pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), nos dias 26 e 27 de junho, em São Paulo (SP).

Válido para os próximos dez anos, o Protocolo foi assinado pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin; pelo secretário estadual de Agricultura e Meio Ambiente, Arnaldo Jardim; e pela presidente executiva da Unica, Elizabeth Farina. O evento  reuniu representantes da cadeia sucroenergética, com o objetivo de discutir as demandas e metas para o setor, no Brasil.

“O Protocolo Agroambiental, assinado em 2007, completou dez anos, e foi muito bem sucedido; praticamente, acabamos com a queimada na cana-de-açúcar crua e com grande ganho ambiental”, afirmou Alckmin.

Segundo o balanço do Protocolo Agroambiental, apresentado no Ethanol Smmit, de 2007 a 2017 a eliminação da queima da cana antes do corte atingiu 97,5% da área plantada no Estado de São Paulo. No mesmo período, as emissões de carbono caíram de 56 mil toneladas por ano para 9,27 mil toneladas.

“O resultado do Protocolo Agroambiental reflete o compromisso com as boas práticas de conservação do meio ambiente não só pelas usinas, mas também no plantio da cana-de-açúcar”, ressaltou Elizabeth Farina, que também é membro da Academia Nacional de Agricultura da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).

 

“O resultado do Protocolo Agroambiental reflete o compromisso com as boas práticas de conservação do meio ambiente não só pelas usinas, mas também no plantio da cana-de-açúcar”, ressaltou Elizabeth Farina, presidente da Unica. Foto: Divulgação

ETANOL

Durante o evento, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, afirmou que está em discussão, no âmbito dos ministérios da Agricultura e das Relações Exteriores uma eventual taxação das importações de etanol.

“Vamos apoiar, mas há caminhos mais eficazes e duradouros para garantir a competitividade do produto nacional”, disse ele.

A indústria sucroenergética reivindica uma tarifa de 17% sobre o etanol de outros países, com o objetivo de inibir a entrada do combustível, principalmente, dos Estados Unidos.

“A tarifa de 17% dá a impressão de uma competitividade que não temos, não sei se conseguimos sustentar esse jogo por muito tempo”, observou.

 

Ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho promete apoiar taxação das importações de etanol, mas diz que “há caminhos mais eficazes e duradouros para garantir a competitividade do produto nacional”. Foto: Divulgação

Coelho Filho afirmou que o governo está trabalhando para garantir a viabilidade econômica da produção nacional de etanol e mencionou, como exemplo, a resolução aprovada neste ano, segundo a qual o importador de biocombustíveis está sujeito à mesma regra de estocagem prevista para o produtor brasileiro.

“O produtor tem uma série de obrigações que o importador não tem”, disse. “Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) “está se adequando às regras, que é uma medida mais simpática que uma taxação”, acrescentou.

 

RENOVABIO

Segundo Coelho Filho, ainda nesta semana deve ser publicada a resolução com as diretrizes do RenovaBio, programa público privado de incentivo ao setor de bioenergia que está sendo discutido entre o governo e o setor privado. “O RenovaBio dará mais segurança para investimentos no setor.”

Depois da resolução, o projeto seguirá para o Congresso. “O ambiente parlamentar favorável é à aprovação das diretrizes do programa que incentiva a produção nacional, gera empregos e é simpática ao meio ambiente”, destacou o ministro.

Diretor de Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), Miguel Pereira, no entanto, afirmou que, dependendo da forma como o governo enviar o projeto para o Congresso Nacional, o RenovaBio poderá entrar em vigor somente em 2025.

“Se o texto for uma medida provisória, poderia vigorar em 2019, se for um projeto de lei, em regime de urgência, ficaria para 2022, mas se for um projeto normal, entraria em vigor em 2025”, explicou.

Ainda durante a realização do Ethanol Summit, Elizabeth Farina, Pedro Mizutani, presidente do Conselho da Unica, e o vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Henry Joseph, assinaram um memorando para o alinhamento das estratégias.

No mesmo memorando, ainda constam as demandas dos setores sucroenergético e automotivo relacionadas aos programas do governo, o RenovaBio e o Rota 2030, que estão em linha com as metas ambientais que o Brasil assumiu no Acordo de Paris (COP21).

 

Presidente da Unica, Elizabeth Farina – ao lado de Pedro Mizutani (à esquerda), presidente do Conselho da mesma instituição, e Henry Joseph, vice-presidente da Anfavea – assina memorando para o alinhamento das estratégias do programa RenovaBio. Foto: Divulgação

BIOGÁS

De acordo com o secretário de Energia e Mineração de São Paulo, João Carlos Meirelles, a sua ppata, em parceria com as distribuidoras de gás natural do Estado, está desenvolvendo um projeto para incentivar as usinas a se conectarem à rede e produzirem o biometano. São Paulo possui 201 usinas de biomassa no Estado, das quais mais de 60 estão a 20 quilômetros de distância da rede de gás.

“Essa é uma nova oportunidade de negócio”, disse ele, apontando a possibilidade de  introduzir o biometano nos caminhões que transportam a cana dentro dos canaviais, transformando-os em veículos flex: diesel/gás.

Considerando que a produção de uma tonelada de cana demanda quatro litros de diesel, n safra de cana 2016/2017, estimada em 684,77 milhões de toneladas de cana, a economia seria de 1,3 bilhão de litros de diesel.

São Paulo é líder na produção de energia elétrica a partir da biomassa de cana-de-açúcar. “Em 10 anos, o estado registou crescimento de 40% na produção de biomassa e atualmente temos uma capacidade instalada de 5,85 GW nesse setor”, informou Meirelles.

 

Por equipe SNA/SP

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