A maior parte dos investimentos previstos pelo programa Mais MT deverá atender à demanda por melhorias no sistema logístico e no setor de infraestrutura, informou César Miranda, secretário de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso.
No total, estão previstos em torno de R$ 4.73 bilhões entre 2019 e 2022, envolvendo o asfaltamento de 2.400 quilômetros de rodovias, a restauração de mais 3.000 quilômetros de vias asfaltadas e a construção de 5.000 pontes de concreto, que substituirão as antigas, ainda de madeira.
Se os planos de fato saírem do papel, incluindo três projetos estratégicos na área de ferrovias, o sistema logístico poderá receber quase R$ 40 bilhões em investimentos nos próximos anos.
Na esfera federal, depois de concluído o asfaltamento do trecho final da BR-163 até o distrito de Miritituba (PA), no começo de 2020, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) programou para o dia 8 de julho o leilão de concessão do sistema rodoviário formado pelas BRs 163 e 230, afirmou Edeon Vaz, diretor executivo do Movimento Pró-Logística de Mato Grosso.
O grupo vencedor ficará responsável pela recuperação, conservação, manutenção e expansão da capacidade do sistema, que cobre uma extensão ligeiramente superior a 1.900 quilômetros desde Sinop (MT) a Itaituba (PA).
Ao longo dos dez anos da concessão, estima-se um investimento de R$ 3.1 bilhões. “A empresa terá de concluir ainda as obras de acesso aos hubs de Miritituba, Santarenzinho e Itapacurá, ampliando as possibilidades de escoamento de grãos pelo Arco Norte”, disse Vaz.
Além da conclusão de oito pontes na BR-242, entre o distrito de Santiago do Norte e Nova Ubiratã, próxima a Sorriso, tornando o trecho de 156 quilômetros finalmente operacional (seis anos após o asfaltamento da via), Vaz estima que em julho sejam iniciadas as obras de instalação da primeira etapa da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico).
O trecho ferroviário, a ser concluído nos próximos cinco ou seis anos, percorrerá em torno de 383 quilômetros entre Água Boa (MT) e Mara Rosa (GO), se interligando ali à Ferrovia Norte-Sul. O investimento, estimado em R$ 2.73 bilhões pelo Ministério de Infraestrutura, será bancado pela Vale, como parte do processo de renovação antecipada da concessão da Estrada de Ferro Vitória-Minas.
Gustavo de Oliveira, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso (FIEMT), acredita que é possível viabilizar o avanço da indústria no estado. Isso virá, segundo ele, com a redução dos custos logísticos, a partir da construção da Fico, da instalação da Ferrogrão, entre Sinop (MT) e Miritituba (PA), e da expansão da Rumo Malha Oeste, desde Rondonópolis a Lucas do Rio Verde, cujo investimento previsto é de R$ 34.2 bilhões.
A melhora na oferta de infraestrutura logística, prossegue ele, deverá abrir alternativas para que a produção do Estado possa atingir outros mercados de forma competitiva, além de atrair investimentos, especialmente nos setores de biodiesel e etanol.
Nessa área, especificamente, Oliveira acredita que a extensão do sistema de dutos da Logum Logística, empresa formada pela Copersucar (30%), Raízen (30%), Petrobras (30%) e Uniduto Logística (10%), a partir do Triângulo Mineiro até Rondonópolis, poderia trazer um ganho logístico estimado entre 5% e 6% sobre o preço final do etanol a ser transportado até Paulínia (SP).
A viabilidade do projeto depende de uma produção mínima de cinco bilhões de litros de etanol por ano, além da instalação de uma rede de tanques na região.
“A produção de etanol no estado deverá romper a barreira dos cinco bilhões de litros em 2023, diante de um consumo local inferior a 700 milhões de litros”, estimou o presidente da FIEMT. Na safra 2019/20, as usinas mato-grossenses produziram 2.445 bilhões de litros, dobrando o volume de 1.221 bilhão de litros produzidos na safra 2016/17.
O secretário Miranda destacou que a contratação em 2019 de uma oferta firme de gás com a Bolívia, com prazo de dez anos, permitiu à Companhia Mato-Grossense de Gás (MT Gás), dar a largada para a construção de um gasoduto de 16 quilômetros entre a central de distribuição do combustível e o distrito industrial de Cuiabá.
Em março, a Lima & Torres Engenharia venceu a licitação para desenhar o projeto do novo gasoduto, que deverá ter a construção licitada possivelmente em agosto, num investimento ao redor de R$ 13 milhões.
Até aqui, os avanços já realizados ainda não trouxeram o benefício esperado pelo setor agropecuário. “Operamos ainda em um sistema logístico compatível com uma produção de cinco milhões de toneladas por safra”, afirmou Marcos da Rosa, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Mato Grosso (Famato).
No ciclo 2020/21, a produção de soja e milho deverá atingir 70.7 milhões de toneladas. Faltaram caminhões para movimentar a soja colhida neste ano e armazéns para abrigar toda a safra, disse Rosa. Na última década, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a capacidade dos armazéns no Estado, aumentou quase 12 milhões de toneladas enquanto a produção de soja e milho cresceu 44 milhões de toneladas.
Fonte: Valor
Equipe SNA