Marcos Jank: “Hoje quase todas as grandes empresas estão caminhando para o ESG”

 

As mudanças nos padrões mundiais de consumo, em que os mercados exigem cada vez mais sustentabilidade, qualidade dos alimentos, rastreabilidade e sanidade, têm alterado também o perfil das empresas, na opinião do professor e coordenador do Insper Agro Global, Marcos Jank.

Ele participou, nesta quinta-feira, do Broadcast Live, promovido pelo Broadcast Agro, com o tema “O agronegócio na pandemia”. Também esteve presente à live o sócio sênior da consultoria McKinsey, Nelson Ferreira.

“Um ponto importante é que hoje não há só mais uma busca por lucro”, justificou Jank. “Antes, as empresas eram avaliadas em relação aos resultados entregues aos acionistas, mas, hoje, quase todas estão caminhando para o ‘ESG'”, disse o representante do Insper, referindo-se às práticas ambientais, sociais e de governança.

“O ESG entrou com muita força no mundo e esteve bastante presente em Glasgow (na Escócia, durante a 26ª Conferência do Clima). Aliás, Glasgow marca a entrada das empresas, da iniciativa privada e seus CEOs, no debate das mudanças climáticas.”

Exigências

O Brasil também não fica de fora das novas exigências, segundo Jank. “O desmatamento é o nosso calcanhar-de-aquiles. Vamos sofrer um escrutínio cada vez maior, inclusive dos nossos clientes e do mundo financeiro.” Para o coordenador do Insper, os bancos estão “extremamente preocupados” em saber de onde o produto vem, quem produziu e em que condições e se o produto está ou não ligado ao desmatamento.

Sob este aspecto, Jank avalia que atualmente há um “processo de descomoditização” em andamento. “Não se trata mais de vender só soja, mas de vender soja que atenda a determinadas exigências.” O especialista comentou, por exemplo, que quando o Brasil anuncia seus dados de desmatamento, há uma “pressão global gigante”. Com a pandemia, a parte sanitária dos alimentos também foi extremamente reforçada.

Demanda

No entanto, Jank advertiu que, atualmente, a maior parte do mundo ainda não está “na onda de carne vegetal, carne de laboratório ou produtos locais e de alto valor adicionado”. Mas, segundo ele, isso já faz parte do radar das empresas, embora um dos obstáculos seja o preço e o acesso a esses produtos.

“A grande maioria ainda está atrás de energia e de proteína animal. Temos de lembrar que 80% das pessoas no mundo ainda não têm uma alimentação básica adequada.”

O representante do Insper acrescentou, também, que o mundo viverá um crescimento populacional nos próximos anos, principalmente na África e na Índia, onde o ganho de produtividade será uma exigência. “E eles também vão ter de importar alimentos, como a China faz hoje”, disse.

 

 

Fonte: Broadcast Agro

Equipe SNA

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp