Em resposta às ameaças crescentes impostas pelo aumento das temperaturas e eventos climáticos extremos à atividade cafeeira nacional, um novo horizonte se desenha para a produção de café no Brasil. O Programa Nacional de Lavouras Resilientes surge como uma iniciativa inovadora, visando não apenas preservar, mas continuar transformando a cafeicultura em uma cultura sustentável e cada vez mais resiliente.
Carbono, monitoramento
No âmbito desse movimento, a criação do “Programa Nacional de Lavouras Resilientes: Café, Carbono e Adversidades Climáticas” foi proposta. Sob a metodologia MRV (Mensuração, Relato e Verificação), este programa busca estabelecer parâmetros rigorosos para a avaliação do balanço de emissões e remoções de carbono equivalente em cafezais. A transparência, desde a fase de monitoramento até a divulgação de boas práticas agrícolas que transformem as plantações em sumidouros de carbono, é fundamental.
A primeira reunião de alinhamento do novo Programa aconteceu no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e contou com a participação de Wilson Vaz de Araújo (Secretário-Adjunto da Secretaria de Política Agrícola – SPA/MAPA), de Silvio Farnese (Diretor do Departamento de Comercialização/SPA/MAPA), de Jônatas Jovino Pulquério (Diretor do Depto. de Gestão de Riscos/SPA/MAPA), de Diego Melo de Almeida (Coordenação Geral de Seguro Rural/DEGER/SPA), de João Nicanildo Bastos dos Santos (Departamento de Gestão de Riscos da SPA/MAPA), de Jonathas de Alencar Moreira (Coordenação Geral de Instrumentos de Mercado e Financiamento/SPA/MAPA), de João Claudio Souza (Coordenação de Políticas Setoriais/DEFIN/SPA/MAPA), de Clecivaldo de Sousa Ribeiro (Coordenação Geral de Produção Vegetal/SDI/MAPA), de Mariana Fischer (Analista de Pesquisa/Pronatura International), do Professor Antonio Zamunér (Diretor de Inovação da Universidade Federal Catalão – UFCAT), da Pesquisadora Arminda Moreira de Carvalho (Embrapa), de Silas Brasileiro (Presidente do Conselho Nacional do Café – CNC), além de Natalia Carr e Isadora Quevedo, assessoras-técnicas do CNC.
Boas práticas
O objetivo central desse programa reside na compreensão profunda do equilíbrio ambiental das lavouras cafeeiras, com foco no controle das emissões de carbono equivalente e na promoção de práticas agrícolas sustentáveis. Estudiosos têm se dedicado a avaliar o perfil ambiental das plantações, reconhecendo que a implementação de boas práticas agrícolas não só fortalece a biodiversidade como também confere maior resiliência às plantações, resultando em um saldo positivo no sequestro de carbono.
“Vale ressaltar que o Brasil, reconhecido como uma potência mundial na compensação de carbono através de soluções climáticas naturais, está diante da oportunidade de liderar uma revolução na agricultura, direcionada à resiliência e à sustentabilidade. Contudo, para que este potencial se materialize, é imperativo que haja um apoio de toda a cadeia cafeeira, tanto em termos técnicos quanto financeiros, no desenvolvimento de paisagens e lavouras resilientes, fundamentadas em boas práticas agrícolas”, analisou Silas Brasileiro.
Compromisso
Dentro da metodologia, a verificação, última etapa do processo, se torna a garantia oferecida aos consumidores finais. A acurácia e confiabilidade na rastreabilidade do café asseguram que o produto foi cultivado seguindo padrões de sustentabilidade definidos pelo programa. Não é apenas uma iniciativa; é um compromisso sólido em assegurar que as gerações futuras desfrutem das nuances únicas do café brasileiro, cultivado em um ambiente que respeita e preserva o ecossistema. O Programa Nacional de Lavouras Resilientes emerge como uma promissora trilha para o futuro da cafeicultura brasileira.
Para o presidente do CNC, a ação conjunta entre Mapa, Embrapa, Universidades, entidade nacionais e internacionais, é a melhor opção para a construção de um programa sólido. “A geração Z só está consumindo o que realmente conhece. Ela quer saber a origem dos produtos e qual o impacto que a produção daquele produto causa na natureza. Para mostrarmos ao mercado consumidor números confiáveis, precisamos de metodologias acreditadas por instituições sérias. Vemos nos parceiros desse programa essa riqueza de conhecimento. Estamos certos de que será um grande diferencial para a cafeicultura brasileira”, ressaltou.