Diminuir o uso de defensivos agrícolas nas lavouras, principalmente dos inseticidas utilizados no controle de pragas da soja, é possível desde que o produtor rural adote algumas tecnologias já disponíveis, como a do Manejo Integrado de Pragas (MIP). Resultado: menor número de aplicações e inseticidas no campo, podendo chegar a uma redução de 50%.
“Na safra passada, 2013/14 no Estado de Paraná, as áreas com adoção de estratégias de MIP conseguiu reduzir em de 50% as aplicações de inseticidas. A média do Estado foi de 4,9, enquanto que nas áreas com MIP foi de 2,4”, informa o pesquisador Osmar Conte, da Área de Transferência de Tecnologias da Embrapa Soja (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
“O MIP preconiza o monitoramento de pragas e a tomada de decisão com base em indicadores gerados pela pesquisa, que indicam a quantidade de insetos pragas que são tolerados na lavoura sem impactar a produtividade e rentabilidade da lavoura. Desta forma, somente é feito o controle químico da praga ao atingir o nível de ação ou nível de controle, evitando aplicações calendarizadas e muitas vezes desnecessário”, defende.
De acordo com Samuel Roggia, pesquisador da Área de Entomologia da Embrapa Soja, além de menor risco para o ser humano, animais e para o meio ambiente, a diminuição do uso de defensivos agrícolas colabora para a conservação de agentes de controle biológico presentes naturalmente nas lavouras.
“Tais agentes de controle biológico auxiliam o controle natural de pragas na lavoura, evitando ou retardando a ocorrência delas e, consequentemente, reduzindo os riscos de perdas da produção pelo ataque de pragas e reduzindo os gastos para o seu controle”, destaca.
De acordo com Roggia, o MIP Soja consiste em adotar medidas integradas de controle de pragas, baseadas em critérios para a tomada de decisão que levam em conta a densidade populacional da praga e seu potencial de dano, bem como a tolerância da planta ao ataque da praga.
“A amostragem é a base para o MIP-Soja, pois possibilita ao agricultor saber quais pragas estão presentes na sua lavoura e acompanhar a densidade populacional dessas ao longo do tempo. Assim a amostragem orienta sobre o momento mais adequado para realizar o controle da praga (nível de ação) possibilitando adequada proteção da lavoura com uso racional de produtos. Para o controle de pragas devem ser utilizados, preferencialmente, inseticidas seletivos a fim de conservar os agentes de controle biológico presentes na lavoura”, detalha.
CUSTOS
Qualquer mudança de manejo no campo sempre traz aquela velha preocupação: quanto isso vai me custar? De acordo com o pesquisador Osmar Conte, com o MIP o custo de produção reduz.
“Primeiro, porque ele possivelmente fará menor número de aplicações de inseticidas para o controle das pragas do que quando adota-se aplicações calendarizadas. Assim, evita o dispêndio do inseticida e também a operação de pulverização necessária para aplica-lo”, explica.
Segundo Conte, em média, para cada aplicação de inseticida, considerando o produto mais a operação o custo fica próximo de 1,5 sacos de soja por hectare (valor referência R$ 60,00).
“Se realizar três aplicações de inseticida a menos com a adoção do MIP são quase cinco sacos de soja de economia, que no preço atual corresponde a R$ 300,00, por hectare”, pontua.
Por equipe SNA/RJ