Com a captação ainda em queda, o preço do leite recebido pelo produtor subiu 4,67% em março, o que representa a maior variação desde maio/14 na série de preços do CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da ESALQ/USP. A “média Brasil” fechou a R$ 1,0456/litro, aumento de 4,7 centavos/litro em relação a fevereiro – essa média é ponderada pelo volume captado nos estados de GO, MG, PR, RS, SC, SP e BA. Contabilizando-se o frete e impostos, o preço bruto teve média de R$ 1,1451/litro, valor 4,41% superior ao de fevereiro e 12,1% acima do de março/15, em termos reais (valores atualizados pelo IPCA fev/16).
A captação do leite pelos laticínios/cooperativas diminuiu em quase todos os estados acompanhados pelo CEPEA; a exceção foi a Bahia. De janeiro para fevereiro, houve queda de 4,58% no Índice de Captação de Leite do CEPEA (ICAP-L/CEPEA), que considera os mesmos sete estados da “média Brasil”. Esse recuo é ainda maior que o observado no mês anterior que, até então, era o mais intenso em 10 meses. Rio Grande do Sul e Minas Gerais registraram as maiores quedas, de 8,04% e de 7,59%, respectivamente, seguidos por Santa Catarina (4,13%), Goiás (3,73%), Paraná (0,78%) e São Paulo (0,11%). Já a Bahia, favorecida pelo maior volume de chuvas, teve aumento de 10,4% na captação.
A queda da produção e, portanto, da captação em fevereiro ocorreu devido ao início da entressafra e aos altos custos de produção, puxados especialmente pelo milho. A menor oferta de matéria-prima, por sua vez, elevou a competição entre as indústrias e reforçou a valorização do leite. Pesquisadores do CEPEA avaliam que a atual crise econômica pode reduzir os investimentos e, consequentemente, influenciar novas quedas na produção de leite.
Para abril, a expectativa é de que os preços do leite sigam em alta, ainda impulsionados pela oferta restrita de matéria-prima. Cerca de 94% dos agentes entrevistados pelo CEPEA (que representam 99,6% do volume amostrado) acreditam em nova alta nos preços do leite em abril, enquanto o restante (6% que representam 0,4% do volume) acredita em estabilidade nas cotações. Nenhum dos colaboradores consultados estima queda de preços para o próximo mês.
A menor oferta de matéria-prima tem se refletido no mercado de derivados. O preço do leite UHT subiu 7,62% de fevereiro para março no atacado do estado de São Paulo – este foi o terceiro aumento seguido –, com a média mensal (até o dia 30) indo para R$ 2,6389/litro. No ano, a alta desse derivado chega a 18,9%. O queijo mozarela se valorizou pelo quinto mês consecutivo (1,97%), a R$ 14,89/kg na média de março.
De acordo com atacadistas consultados pelo CEPEA, agentes de indústrias têm reajustado positivamente os valores devido à baixa produção no campo e também pelos elevados custos no laticínio. Além disso, a demanda melhorou, em relação a meses anteriores, desde que as aulas foram retomadas. Na avaliação de alguns atacadistas, as vendas de lácteos só não estão maiores porque a oferta está limitada. Esta pesquisa de derivados do CEPEA é realizada diariamente com laticínios e atacadistas e tem o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).
Fonte: Cepea/Esalq