O preço do leite UHT atingiu, em junho, o maior patamar real da série do CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da ESALQ/USP, iniciada em 2010 (os valores foram deflacionados pelo IPCA de maio/16).
O derivado negociado no mercado atacadista do estado de São Paulo teve média de R$ 3,6476/litro, 24,1% superior à de maio/16.
Neste ano, a valorização acumulada é de expressivos 58,5%. Outros lácteos acompanhados pelo CEPEA também seguem essa tendência. O queijo mozarela teve média de R$ 18,31/kg em junho, com alta de 14,08% em relação ao mês anterior e de 29,8% no ano.
O impulso vem da baixa oferta de leite no campo, que mantém acirrada a disputa entre laticínios pela matéria-prima.
A menor disponibilidade se deve, especialmente, ao período de entressafra e aos elevados custos de produção, que desestimularam muitos produtores. Em junho, o preço do leite pago ao produtor subiu em todos os estados acompanhados pelo CEPEA.
Na “média Brasil” (que pondera o valor pelo volume captado nos estados de BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP), o preço médio do leite ao produtor foi de R$ 1,2165/litro (sem frete e impostos) em junho, alta de 5,14% em relação ao mês anterior e 18% maior que o de junho/15, em temos reais.
O preço bruto médio (com frete em impostos) foi de R$ 1,3276/litro, aumento real de 18% frente ao mesmo período do ano passado.
O aumento na média nacional em junho foi influenciado, principalmente, pelas elevações de 6% no preço de Santa Catarina e de 5,77% em Minas Gerais. As médias líquidas foram de R$ 1,2474/litro no estado catarinense e de R$ 1,2636/litro no mineiro.
O Índice de Captação de Leite do CEPEA (ICAP-L/CEPEA) teve queda de 1,63% em maio, considerando-se os sete estados que compõem a “média Brasil”.
A Bahia registrou a maior queda na captação, de 6,87%, seguida por Goiás (-3,37%), Minas Gerais (-2,62%), São Paulo (-2,09%), Santa Catarina (-0,8%) e Paraná (-0,3%). Rio Grande do Sul foi o único estado que registrou ligeira melhora na captação em maio, de 0,73%.
Para os próximos meses, a captação deve começar a se recuperar no Sul, devido às forragens de inverno e ao período de safra que começa um pouco antes nessa região.
Nesse cenário, a concorrência para captação por parte das indústrias de derivados lácteos deve seguir acirrada, mantendo os preços do leite em alta.
Dos agentes entrevistados pelo CEPEA, 97,8% (que representam 99,5% do volume amostrado) acreditam em nova alta nos preços do leite em julho, enquanto o restante (2,2%, que representam 0,5% do volume) acredita em estabilidade nas cotações – frente ao mês passado, houve diminuição no número de colaboradores que estima estabilidade nos valores.
Nenhum dos colaboradores consultados estima queda de preços em julho. O levantamento de preços pago ao produtor do CEPEA é mensal e conta com apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).
Gráfico 1: ICAP-L/CEPEA – Índice de Captação de Leite – MAIO/16. (Base 100=Junho/2004)
Fonte: CEPEA-ESALQ/USP e PTL-IBGE
Tabela 1: Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquido) em JUNHO/16 referentes ao leite entregue em MAIO/16
Fonte: CEPEA-ESALQ/USP
Tabela 2: Preços em estados que não estão incluídos na “média Brasil” – RJ, MS, ES e CE
Fonte: CEPEA-ESALQ/USP
Gráfico 2: Série de preços médios pagos ao produtor – deflacionada pelo IPCA
Fonte: CEPEA-ESALQ/USP
Fonte: Cepea/Esalq