Lavouras irrigadas quase quadruplicam entre 1985 e 2021

As lavouras irrigadas por pivôs, inundação e outros sistemas quase quadruplicaram entre 1985 e 2021, passando de 804.000 hectares em 1985 para 3.29 milhões de hectares em 2021.

Além disso, o mapeamento por imagens de satélite das lavouras irrigadas mostra que três em cada quatro hectares irrigados por pivô central são de lavoura de soja, seguida pelas do milho segunda safra, mostram os dados do MapBiomas, iniciativa multi-institucional que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia.

Os dados mostram, ainda, mudança no tipo de irrigação mais utilizado. Em 1985, cerca de 84% da área irrigada mapeada no Brasil era por sistema de inundação. Em 2021, esse percentual havia caído para 44%. A área irrigada por pivô central, por sua vez, passou de 8% em 1985 para 50% em 2021.

Como a inundação é usada basicamente na cultura de arroz, o avanço dos pivôs sugere a expansão da irrigação para outros cultivos, notadamente a soja: 76% das áreas de pivô são lavouras dessa leguminosa.

O mapeamento de sistemas de irrigação por imagens de satélite é complexo e as tecnologias disponíveis ainda não permitem identificar todas as áreas irrigadas no Brasil. Por isso, o MapBiomas se concentra em sistemas que também são mapeados por outras instituições, como a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), para balizar os resultados.

Amplitude

A abordagem mais conservadora não reduz a amplitude do mapeamento, que conseguiu identificar lavouras irrigadas nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do Brasil.

“Os dados não deixam dúvidas de que muitos produtores abraçaram a irrigação das lavouras como solução para garantir a segurança hídrica durante o cultivo”, indicou em nota o coordenador de Agricultura do MapBiomas, Bernardo Rudorff. “Eles indicam também que a adesão foi maior por parte dos produtores do Cerrado, bioma que tem um ciclo de chuvas mais curto em certas regiões para o cultivo de mais de uma safra”, ressaltou.

Regiões

Juntos, os estados de Minas Gerais, Goiás e Bahia respondem por quase dois terços (64%) da área mapeada por pivô central de irrigação no Brasil. Um terço do total (31%) está em Minas Gerais, que  tem a maior área de irrigação ao longo dos 37 anos avaliados pelo MapBiomas. Em 2021, a área irrigada em Minas era de 509.133 hectares, o equivalente a três vezes a cidade de São Paulo.

Os cinco Estados no Brasil que apresentaram as maiores expansões de área de pivô central de irrigação, entre 1985 e 2021, foram Maranhão, Goiás, Distrito Federal, Bahia e Mato Grosso. Os quatro últimos mostraram uma expansão entre 51 e 53 vezes em 37 anos. No caso do Maranhão, contudo, a expansão foi de 286 vezes, um claro reflexo da expansão agrária no Matopiba.

O MapBiomas identificou 26 grandes regiões de irrigação por pivôs no País, sendo que o maior deles fica no Oeste baiano: cerca de 180.000 hectares, o que representa um aumento de 14,5 vezes em relação à área mapeada em 1985.

Outros sistemas de irrigação foram mapeados apenas no semiárido brasileiro. Nessa região, o polo de Petrolina/Juazeiro registrou a maior área em 2021, com cerca de 70.000 hectares, um aumento de 4,5 vezes em 37 anos.

A irrigação por inundação é usada prevalentemente em arroz, sendo que os maiores polos com arroz inundado estão no Sul do País. Naquela região, o polo Quaraí/Ibicuí/Icamaquã, no Rio Grande do Sul, registrou a maior área, com mais de 450.000 hectares, um aumento de 2 vezes entre 1985 e 2021.

Fora da região Sul, o Polo Javaés/Formoso, no Estado do Tocantins, foi o que apresentou maior crescimento em área de arroz irrigado: cerca de 1,7 vezes em 37 anos, totalizando uma área de 100.000 hectares em 2021.

Fonte: Estadão Conteúdo
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