As importações brasileiras de leite, creme de leite e laticínios, exceto manteiga ou queijo, saltaram de 6.916 toneladas em agosto do ano passado para 17.711 toneladas em agosto deste ano (+ 156%), segundo dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia.
Esses números confirmam o que o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, já havia alertado nesta semana, sobre a alta exponencial das importações de lácteos pelo Brasil.
O movimento se deve, segundo o Cepea, à disparada dos preços internos do litro do leite pago para o produtor, por causa da queda de captação da matéria-prima pelos laticínios. Em julho de 2022, o País também já havia importado 27% mais produtos lácteos em relação ao mesmo mês de 2021.
Agora, segundo o centro de estudos, esse forte ritmo de importações tende a interromper a alta do preço do leite pago para o produtor, que subiu no mês passado pelo sétimo mês consecutivo e deve começar a cair já em setembro.
Na avaliação da instituição, está se criando um novo cenário no mercado, em que a demanda enfraquecida e o aumento das importações elevam os estoques de derivados, ao mesmo tempo que a produção no campo dá sinais de recuperação.
O levantamento da Secex, que considerou os 23 dias úteis de agosto, mostra, ainda, que o País desembolsou US$ 73.166 milhões em importações de lácteos, ou 209,16% acima dos US$ 23.666 milhões contabilizados um ano atrás.
O preço médio pago por importadores pela tonelada de lácteos, porém, foi de US$ 218,10, cerca de 14% menos do que o valor médio de US$ 253,60 desembolsado em agosto do ano passado.