O governo anunciou nesta quarta-feira (7/6) o Plano Agrícola e Pecuário de 2017/18, dinheiro a ser destinado ao produtor rural para custeio, investimento e comercialização.
Não foi, no entanto, o plano dos sonhos para os produtores, devido aos efeitos da crise econômica.
O volume de dinheiro colocado à disposição do produtor e do pecuarista neste ano apenas corrige a inflação dos últimos 12 meses.
A taxa de juros embutida no plano, embora tenha caído, contém um subsídio menor do que o de 2016.
Os recursos que serão destinados aos produtores no período de julho deste ano a junho do próximo serão de R$ 190.25 bilhões, 3,5% mais do que o de 2016/17.
O volume de crédito específico para custeio e comercialização é de R$ 150.25 bilhões, a uma taxa de 7,5% e 8,5%.
Em 2016, quando anunciado o plano, o juro era de 8,5% e 9,5% ao ano, 60% da Selic na taxa inferior.
A taxa de juros deste ano, ao recuar para 7,5%, representa 73% da Selic.
O produtor vai pagar um percentual menor, mas haverá um alívio ainda maior para o Tesouro, que vai subsidiar menos a próxima safra.
E é exatamente essa taxa de juro do custeio que mais preocupa os produtores. Os 7,5% definidos pelo governo são inferiores à Selic atual, que está em 10,25%, mas as projeções do próprio Banco Central indicam um cenário diferente para 2018. A Selic poderá recuar para 8%.
Para Frederico Azevedo, gerente de Política Agrícola da Aprosoja, o produtor corre o perigo de pagar uma taxa de custeio próxima à da Selic no próximo ano.
“Entendo que foi uma briga ferrenha do Ministério da Agricultura com os da Fazenda e do Planejamento, mas essa taxa traz muita preocupação para o produtor, principalmente devido à elevação dos custos.”
Entre esses custos, Azevedo inclui os penduricalhos no trâmite da liberação dos recursos dos bancos privados e estatais.
O patamar da taxa fica maior quando o produtor enfrenta burocracia e necessidade de levar para casa seguros acoplados ao financiamento.
Mesmo dentro das limitações econômicas, o governo priorizou dois setores importantes, diminuindo as taxas de juros com mais ímpeto: armazenagem e inovação tecnológica.
A produção brasileira cresce ano a ano e já atinge 230 milhões de toneladas. O aumento da capacidade de armazenagem é imprescindível para que o produtor ajuste melhor o momento de comercialização.
Inovação
Já o crédito para a inovação tecnológica teve recuo de dois pontos percentuais, para 6,5%. Essa queda é relevante.
“Foi-se o tempo de tomada de decisão apenas com o olho. A utilização das novas tecnologias tornou-se importante para elevar produtividade na agricultura e na pecuária”, diz Daniel Latorraca, superintendente do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária).
Armazenagem e inovação significam “melhorar a comercialização e elevar a rentabilidade do produtor”, disse Azevedo.
Por Mauro Zafalon
Fonte: Folha de S.Paulo