Os agricultores do Brasil deverão utilizar até R$ 1 trilhão em recursos para financiar a safra 2022/23, que será plantada a partir de setembro, disse nesta terça-feira à Reuters o diretor de Agronegócio do Itaú BBA, Pedro Fernandes, citando que o crescimento do setor não é dependente dos juros subsidiados pelo Plano Safra.
“É a nossa visão da quantidade de recursos que será utilizada para fazer a safra 2022/23, acima de R$ 800 bilhões, podendo chegar a R$ 1 trilhão”, disse Fernandes, sem dar uma visão sobre o montante para a safra que está sendo finalizada.
Ele acredita que a parcela vinda de juros controlados pelo próximo Plano Safra representará menos de um 25% do total, o que pode significar que a necessidade de recursos subsidiados pelo programa federal esteja “superestimada”.
“Isso não deve ser visto como um desprestígio ao plano, mas como um reconhecimento de que o agro brasileiro é muito maior do que o Plano Safra e o setor privado encontrou formas de financiar o agro brasileiro”, disse ele durante evento em Campinas (SP) promovido pela Syngenta.
A discrepância entre os valores ocorre porque o volume de recursos a juros controlados tem crescido em um ritmo muito menor do que a necessidade de financiamentos do agronegócio.
“Uma série de insumos quadruplicou de preço, fertilizantes triplicaram… (enquanto) o volume de recursos de crédito rural obrigatório vai aumentar de 15% a 25%”, disse.
Para Fernandes, a capacidade de financiamento de até R$ 1 trilhão mostra que o agro é considerado “um bom negócio” para ser financiado a taxas de mercado e que há maturidade no mercado financeiro para absorver toda essa demanda por crédito para custear a safra.
Mais cedo, o Ministro da Agricultura, Marcos Montes, afirmou a jornalistas que trabalha para a destinação de R$ 20 a R$ 22 bilhões de recursos do Tesouro Nacional para equalização de juros da safra 2022/2023, um nível próximo do que pede o setor agropecuário. Abaixo disso, o valor seria “insuficiente”.
Também nesta terça-feira, o Ministério da Agricultura informou que as contratações de crédito rural no Brasil em 2021/22, no âmbito do Plano Safra, chegaram a R$ 252.46 bilhões até maio, volume que supera os R$ 251.2 bilhões disponibilizados pelo governo para a temporada. Mas uma parte do Plano Safra não conta com juros controlados.
Segundo a Pasta, os financiamentos maiores do que o esperado em 2021/22 ocorreram justamente porque a concessão de financiamentos por fontes não equalizadas, como LCA’s e Fundos Constitucionais, superaram as expectativas.