Produtores contrataram R$ 108.45 bilhões em crédito rural no País nos primeiros seis meses do Plano Safra 2019/20 (julho a dezembro do ano passado), quase metade de todo o dinheiro disponível nos bancos para financiar a atividade agropecuária na atual temporada. O montante foi 7% superior ao do mesmo período do ciclo passado.
Alimentadas com mais recursos a juros livres e participação mais forte de bancos privados, as linhas voltadas a investimentos e industrialização tiveram as altas mais expressivas no período, 18,9% e 72,4%, respectivamente. Mas, apesar do avanço geral, houve redução nos desembolsos em linhas importantes de investimentos, como o Moderfrota (28%). Nas operações de comercialização, a queda foi de 20%.
Os financiamentos de custeio alcançaram R$ 61.3 bilhões, aumento de quase 5% em relação aos primeiros seis meses da temporada 2018/19. Desses, quase R$ 9 bilhões foram para a agricultura familiar.
Liderados pelo Banco do Brasil, os bancos públicos mantiveram o patamar de desembolsos e responderam por R$ 56 bilhões dos R$ 108 bilhões liberados de julho a dezembro de 2019. Garantiram, assim, a dianteira nesse mercado, com fatia de 51,70%. Mas nos seis primeiros meses do ciclo 2018/19, a parcela foi maior, de 54%. No caso do BB, onde as contratações foram R$ 400 milhões menores no período, a participação caiu de 44% para 40%.
Parte do espaço foi ocupado pelos bancos privados. O valor acessado nessas instituições cresceu 13%, para R$ 31 bilhões, e a participação conjunta dessas instituições no mercado passou a ser de 28%. Nesse rol, o destaque dos primeiros seis meses da safra foi o Bradesco, cujos desembolsos aumentaram quase 19%, para R$ 8.2 bilhões, ou 7,50% do total.
Cooperativas de crédito aumentaram as liberações em 12% e as sociedades de crédito, em 19%. O protagonismo do setor privado como um todo se reflete nas origens dos recursos usados para custear a safra. A participação das fontes não controladas foi de 22,70% para 24,20% de julho a dezembro do ano passado. Já a fatia dos recursos com juros controlados caiu de 77,20% para 75,70%.
Os recursos obrigatórios, provenientes dos depósitos à vista, que não são equalizados, ainda foram a principal fonte de financiamentos, com mais de R$ 30.3 bilhões, seguidos pela poupança rural (cujos empréstimos são equalizados), com R$ 29 bilhões.
Mas o maior avanço na primeira metade da safra 2019/20 foi registrado no acesso aos financiamentos com recursos livres: 12,50%. As Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) se mantiveram em alta e se consolidaram como a terceira maior fonte de empréstimos, com R$ 15.2 bilhões.
A estratégia anunciada pelo Ministério da Agricultura para privilegiar pequenos e médios produtores funcionou na primeira metade da safra. O acesso ao Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura) aumentou quase 18%, para R$ 17,8 bilhões. No Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor), os resultados foram ainda melhores: crescimento de 37,60%, para R$ 15.6 bilhões.
Segundo os dados do Banco Central, mais de 53% dos R$ 53.4 bilhões destinados para investimentos na temporada 2019/20 já foram contratados.
A demanda está tão forte que o Tesouro autorizou o remanejamento de recursos equalizáveis para linhas que já davam sinais de esgotamento nos primeiros meses da safra, segundo informou o Valor. O Banco do Brasil vai operar algumas delas com recursos próprios, mas com prazos e juros iguais aos subvencionados.
Valor Econômico