O Brasil tem apresentado um cenário mais promissor, em relação a outras nações, quando o assunto é investimentos em startups do agro. Dados recentes do Radar Agtech mostram que, em 2022, o volume de investimentos dessas empresas no País atingiu US$ 200 milhões. Isso representa 100% a mais do total de aportes realizados em 2021, período onde foram repassados US$ 109 milhões para o mercado de alto risco.
Segundo analistas, no início de 2023, os investimentos globais em agtechs ficaram reduzidos devido à diminuição da liquidez na indústria de capital de risco e ao desestímulo de investidores diante do aumento dos juros no mundo. Mas no caso do Brasil, as empresas do setor, que geralmente recebem aportes menores que os das agtechs de países onde a economia é mais forte, não foram tão afetadas em comparação ao quadro mundial, mantendo boas perspectivas para os próximos meses.
Além desse aspecto, cabe destacar que a crescente demanda global por alimentos e as políticas voltadas para a descarbonização estão contribuindo para alavancar, cada vez mais, o desenvolvimento das agtechs no País. Atualmente, a qualidade dessas empresas, considerando os padrões de gestão, favorecem, de maneira considerável, a captação de recursos estrangeiros e a internacionalização de negócios, informou Kieran Gartlan, sócio da gestora The Yield Lab na América Latina.
Otimização
No Brasil, o número de startups do agronegócio cresceu mais de 40% desde 2019, segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Em paralelo, a otimização dos processos por meio de novas tecnologias constitui uma forte tendência, permitindo soluções cada vez mais eficientes que envolvem marketplaces, automação e robotização, serviços de logística e transporte e biotecnologia.
Inovações
“Uma das grandes revoluções que tem ocorrido no agro brasileiro e mundial é a evolução das inovações via empresas jovens que tem propostas para a solução de problemas específicos do cotidiano do produtor rural e das cadeias agroindustriais”, destaca o diretor técnico da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Marcos Fava Neves. Em 2022, a instituição lançou um hub de startups (SNASH), que constitui um ecossistema de inovação e tecnologia voltado para o investimento e desenvolvimento de agtechs, foodtechs, greentechs e edutechs.
Nesse ambiente, o diretor da SNA ressalta a importância do “investidor anjo”, ou seja, aquele que aplica recursos em diversas startups, com expectativa de retorno financeiro. “Sem a presença dos anjos, seria mais difícil para os empreendedores, que estão procurando resolver problemas, atingirem seus objetivos”, afirma.
Recursos
No cenário atual, dados da plataforma Crunchbase compilados pela The Yield Lab, mostram que as empresas iniciantes de base tecnológica focadas no agro conseguiram atrair US$ 1.44 bilhão no mundo no primeiro trimestre deste ano. Isso representa 63% a menos do que no mesmo período de 2022.
Segundo a plataforma, o número de operações também diminuiu, mas a queda foi menos expressiva, de 3,60% para 216 aportes. Com isso, o valor médio dos aportes caiu 61,30%, para US$ 6.7 milhões.
Ainda de acordo com analistas do setor, os investimentos em negócios que exigem maior aplicação de capital e que têm baixa demanda, como as fazendas urbanas, por exemplo, registraram queda nos últimos meses. Por outro lado, são cada vez maiores os aportes em soluções digitais para melhoria do uso de insumos, medição do impacto ambiental das atividades agrícolas, rastreamento de produtos e gerenciamento de risco na oferta de crédito.
Por Equipe SNA
Fontes: Valor / Dr. Agro / Globo Rural / Epic Play