Indústria de óleos vegetais deve investir R$ 6 bilhões em 2024

Imagem de jcomp no Freepik

A demanda aquecida por farelo e óleo de soja no Brasil e a política nacional para o biodiesel estão estimulando os investimentos no segmento de óleos vegetais.

Levantamento da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) mostra que as empresas do setor deverão desembolsar R$ 6 bilhões na expansão e construção de novas unidades em 2024, muito acima do R$ 1 bilhão em investimentos previstos para este ano.

A mesma pesquisa revela que a capacidade total de processamento de oleaginosas no Brasil foi de 69.2 milhões de toneladas nos últimos 12 meses, aumento de 5,60% em relação ao mesmo período anterior, quando foi de 65.5 milhões de toneladas.

Daniel Amaral, economista-chefe da Abiove, atribui grande parte desse crescimento na capacidade instalada à nova política de biodiesel do Brasil.

Em março deste ano, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou o aumento da mistura do biodiesel ao diesel fóssil de 10% para 12% a partir de abril. Também foi definido que haverá um aumento escalonado de 1% na mistura até 2026, que deve ser de 15%.

“O biodiesel tem um papel importante nos números da pesquisa, uma vez que a indústria agora conta com uma política pública previsível. Com isso, nós temos um cenário mais favorável à expansão do setor, já que o ritmo de esmagamento tende a se manter estável”, estima Amaral.

Com os investimentos estimados de R$ 6 bilhões no próximo ano, a entidade projeta um aumento de capacidade de processamento de 19.000 toneladas por dia, que hoje é de 209.600 toneladas diárias e já é 5,50% superior à do ano passado.

Segundo o economista da Abiove, o óleo de soja não é o único responsável pelas boas perspectivas para o setor. O farelo teve um papel de destaque nos resultados da pesquisa, disse.

“O mercado de farelo de soja é um segmento de alta liquidez, e mesmo com a concorrência de produtos como o farelo de canola e girassol, por ser um componente importante da ração animal, o subproduto da soja tem seu espaço garantido no mercado interno”, disse Amaral.

Além disso, os prognósticos mais favoráveis para a economia brasileira e o aumento da oferta da oleaginosa no País também devem influenciar a demanda por farelo de soja, segundo o economista da Abiove.

“As estimativas de crescimento do PIB para este e ano e para o próximo favorecem o aumento de renda da população, o que tende a beneficiar o consumo de proteínas animais”, disse.

Com a conjuntura favorável em termos de demanda, o desempenho operacional da indústria de óleos vegetais está melhor neste ano em relação a 2022, mostra a pesquisa. O número de unidades de processamento subiu de 122 para 129. Também houve aumento nas plantas ativas, de 95 para 106 e ainda a redução de indústrias paradas. No ano passado, eram 27 e caíram para 22 neste ano.

“A queda no número de indústrias que estavam paradas mostra que a capacidade de processamento aumentou não apenas devido aos novos investimentos, mas também pelas empresas que retomaram as atividades”, disse.
Principal produtor de grãos do Brasil, Mato Grosso tem um papel de destaque no processamento de oleaginosas no Brasil. A capacidade de plantas ativas no Estado aumentou de 45.600 toneladas por dia em 2022 para 49.200 toneladas neste ano.

“É um Estado com alta produtividade de soja, e boa oferta de matéria-prima. Outro fator importante foram as melhorias de infraestrutura observadas nos últimos 20 anos, que facilitaram o escoamento da produção para longas distâncias, como o porto de Miritituba [Pará]. Tudo isso traz para Mato Grosso uma competitividade muito grande para atrair novas indústrias”, estima o economista da Abiove.

Segundo o levantamento da entidade, Mato Grosso tem 18 plantas industriais ativas em 2023. Sozinho, o Estado responde por 23,50% do processamento de oleaginosas do Brasil.

Fonte: Globo Rural
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